Uma fábrica de montagem de tratores, telemóveis e ‘tablets’, fruto de um investimento inicial de mais de 65 milhões de dólares (54,9 milhões de euros) dos Emirados Árabes Unidos (EAU), foi hoje inaugurada em Luanda.
A unidade fabril, localizada na Zona Económica Especial, no município de Viana, arredores de Luanda, foi inaugurada pelo Presidente angolano, João Lourenço, numa cerimónia que contou igualmente com a presença do xeque Ahmed Maktoum dos Emirados Árabes Unidos.
Em declarações à imprensa, João Lourenço assinalou que as duas unidades fabris vão aumentar a oferta de emprego, sobretudo para os jovens, representando a fábrica de tratores o aproximar de um objetivo que Angola tem procurado alcançar.
“Até aqui temos manifestado por palavras o nosso desejo de fazer de Angola um país forte em termos de produção agrícola, mas para que este sonho se torne realidade precisamos de fazer coisas em concreto, nomeadamente ter produção própria de tratores e alfaias, de adubos e fertilizantes, de vacinas para os animais, falando também da agropecuária, e de sementes”, disse.
João Lourenço destacou que, apesar de a pandemia da covid-19, o país está a alcançar o seu objetivo de atrair investimento privado, como demonstram as várias inaugurações de fábricas nos últimos dias.
Na sua intervenção, o secretário de Estado para a Indústria de Angola, Ivan do Prado, disse que está previsto um aumento progressivo do investimento, nos próximos três anos, de cerca de 200 milhões de dólares (169 milhões de euros).
O governante angolano disse que a implementação desses dois projetos proporcionou a criação de forma direta de 200 novos postos de trabalho, sendo 90% dos trabalhadores jovens angolanos.
Ivan do Prado salientou que a linha de montagem de tratores vem ao encontro do atual contexto económico do mercado nacional, nomeadamente ao nível do setor agrícola, que vem registando um forte desenvolvimento.
O secretário de Estado para a Indústria frisou que, atualmente, há uma necessidade de reforço da oferta de equipamentos, que começa a ser colmatada com a capacidade de produção anual de 3.000 tratores a nível local.
“Esta capacidade produtiva irá contribuir para a redução de importações, que vêm sendo realizadas. Nos últimos três anos, essas importações representaram um dispêndio de divisas superior a 70 milhões de dólares (59,1 milhões de euros), para assegurar a compra de cerca de 2.000 tratores”, informou.
De acordo com o governante angolano, com a montagem local desses produtos o país passa a registar uma redução abaixo dos 50% face ao preço dos tratores importados.
“Este diferencial permitirá que muitos mais pequenos e médios agricultores possam adquirir um trator para o apoio à sua atividade, o que esperamos irá trazer grandes ganhos para a economia nacional”, referiu.
O custo médio de um trator importado, com uma potência de 85 cavalos, segundo Ivan Prado, é cerca de 85.000 dólares (71.842 euros), enquanto um trator com a mesma potência montado nesta unidade industrial terá um custo de cerca de 35.000 dólares (29.582 euros).
Relativamente à aposta numa linha de montagem de telemóveis e ‘tablets’ em Angola, o dirigente angolano salientou que os investidores estão de igual modo a contribuir para a redução da importação dos cerca de um milhão de telemóveis anuais.
Desde 2017 até à data, a importação de telemóveis obrigou à disponibilização de mais de 150 milhões de dólares (126,7 milhões de euros), verba que poderá passar a ser utilizada para adquirir componentes que irão posteriormente ser montados em Angola.
Por sua vez, o xeque Ahmed Maktoum referiu que estes investimentos fomentarão o crescimento do desenvolvimento infraestrutural em Angola, salientando que, a pedido do chefe do Estado angolano, abraçou a iniciativa que começa com a fábrica de montagem de tratores no país.
“A minha equipa trabalhou cerca de seis meses arduamente para criar esse projeto e notámos que os cidadãos em Angola atualmente importam tratores e insumos a preços bastante altos e que a falta de peças sobressalentes depois da venda é uma situação corrente”, disse o xeque, realçando que notaram igualmente que os agricultores são obrigados a comprar os tratores a pronto pagamento, o que “enfraquece a agricultura”.
A nova unidade fabril, que utiliza tecnologia de ponta para montar localmente e fornecer peças sobressalentes para estes equipamentos, criou também um serviço pós-vendas e salas de exposição, estando a trabalhar igualmente para uma rede vasta de distribuição para os clientes no mercado angolano.
“Um centro abrangente em agricultura foi criado na fábrica para dar formação nas áreas remotas. Este nosso compromisso permitirá a partilha de ‘know-how’ e tecnologia aos agricultores locais em Angola”, sublinhou.
Ahmed Maktoum manifestou interesse em investir em fábricas de adubos e fertilizantes no país lusófono, além dos setores de energia, saúde, turismo e outros.
Com relação à montagem de telemóveis e ‘tablets’, aquele investidor frisou que um dos objetivos da sua implementação é terminar com o uso de telefones de baixa qualidade no país.
A fábrica tem a capacidade de montar mais de 100.000 aparelhos ao ano, com perspetiva de aumento.
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