Alterámos os ritmos naturais do meio ambiente, agora esses tempos tradicionais, plasmados em tantos provérbios e ditos populares, forjados na sabedoria acumulada de anos de interação com os elementos e a natureza, já estão desfasados da realidade.
A seca e o desafio da água subjacente interpelam-nos a um maior racionalismo e à procura de novos equilíbrios. É preciso um novo compromisso que esteja sintonizado com as expressões, os ritmos e as intensidades da natureza. Quem nasceu, cresceu e vive em compromisso com o Mundo Rural e com o meio ambiente que é pressuposto de todas as suas vivências, sabe que existem ritmos, que durante anos a fio foram respeitados, com os seus ciclos de cultura, de colheita e de pousio ou recuperação. A natureza tinha os seus tempos e os seus ritmos, respeitados e integrados nas atividades humanas como relógios suíços da valorização do potencial produtivo. Havia os cereais, a fruta e os legumes da época. Como havia um tempo próprio para muitas das criações agropecuárias do Mundo Rural, muitas das vezes associadas às festividades e vivências das famílias e das comunidades.
Durante anos, tocados pelo consumismo e pelo crescimento económico, com o apoio da ciência e do desenvolvimento do conhecimento, julgámos ser possível subverter os ritmos da natureza, ajustando aos ritmos, […]