[Fonte: Visão] A experiência decorre na Galiza, por iniciativa de um proprietário de uma loja agrícola, e os primeiros resultados são já muito promissores
O desafio é ensinar às aves que aqueles ninhos são uma fonte acessível de alimento e assim testar um novo sistema para lidar com a praga de vespas asiáticas. Alejandro Bua, proprietário de uma loja agrícola na Galiza, aproveita a colaboração entretanto estabelecida com a autarquia local na remoção dos ninhos para ir treinando os pássaros e demonstrar que podem ser uma solução contra a invasão do temível inseto. Uma ideia que surgiu no ano passado quando, depois de remover vários ninhos, reparou que havia uma serie de corvos selvagens por perto. Decidiu então deixar para trás um dos ninhos, já vazio. Na manhã seguinte, as imagens comprovam-no!, vários corvos estavam a alimentar-se das larvas.
Há muito que aquela espécie invasora está a ameaçar os ecossistemas europeus, e Portugal não escapou à praga. Aliás, desde que foi identificada por aqui pela primeira vez, em 2011, já foram registadas uma série de mortes – e, só no último mês, dois jardins públicos em Lisboa e Sintra foram fechados para desinfestação. Predadora da abelha europeia, a vespa velatina, como também é conhecida, tem capacidade para matar mais de 30 abelhas por minuto – e esse é um dos grandes impactos negativos na produção de mel e na polinização.

Assim, o objetivo, clarificou Alejandro Bua, é que os pássaros repliquem aquele comportamento entre si por imitação. “Os corvos são animais muito inteligentes, aprendem imediatamente a observar os seus companheiros e são também muito bons a seguir pistas”, sublinhou – acrescentando que o método que está a usar é simples: após a remoção dos ninhos mais acessíveis, nos quais não é necessário usar inseticidas, guarda-os num saco fechado numa arca congeladora e deixa passar a noite. “Isso mata qualquer vespa adulta que possa ainda lá estar, mas deixa as larvas vivas”, explicou, “transformando o ninho numa verdadeira iguaria para os corvos.”
Um ano depois de ter feito os primeiros treinos, o comerciante galego garante que os resultados têm sido muito promissores: “Sempre que eu escondo um ninho, os corvos conseguem seguir os trilhos e encontrá-lo para o comer. Estou convencido de que, num ano ou dois, já haverá gerações e corvos que identificam aquele tipo de ninhos com comida, porque se habituaram a fazê-lo desde pequenos.”