A cultura da cerejeira está a passar por dificuldades na Região Autónoma da Madeira. Além da falta de frio registada este ano, o principal problema que conduz ao desânimo dos produtores regionais de cereja resulta de um fungo muito polífago que ataca muitas árvores e arbustos lenhosos, Armillaria melea, que também ataca as cerejeiras, causando a sua morte.
A Direcção Regional de Agricultura da Madeira diz estar atenta e a desenvolver vários trabalhos no sentido da “resolução desta complexa problemática”, nomeadamente do controlo da doença Armillaria.
Miguel Rodrigues, da Divisão de Assistência Técnica à Agricultura, daquela Direcção Regional, explica que os rizomorfos (estruturas vegetativas do fungo) desenvolvem-se relativamente próximo da superfície do solo (nos 20 cm superiores) e invadem novas raízes de plantas lenhosas.
“Uma árvore infectada morrerá assim que o fungo rodear o colo (zona da planta que une a raiz ao tronco) ou quando tiver ocorrido a morte radicular significativa. Este problema tem forte incidência nas cerejeiras do Jardim da Serra, causando uma significativa mortandade nestas fruteiras”, realça Miguel Rodrigues.
Controlo da doença Armillaria
Há dois anos, a Direcção Regional, em colaboração com a Quinta Leonor, iniciou no Jardim da Serra um ensaio sobre a “Avaliação de porta-enxertos e possíveis soluções de controlo da doença Armillaria sp. na cultura da cerejeira”, que procura encontrar porta-enxertos resistentes ao fungo e produtos que possam apresentar uma solução curativa para o problema.
No âmbito do Catálogo Nacional de Variedades, que inclui, para além da cerejeira, outra prunoidea e pomoideas, há três anos que a DRA realiza trabalhos de caracterização e descrição de variedades inscritas no catálogo, em que, para a cultura da cerejeira, procedeu-se à prospecção e inventariação do património genético das variedades de cereja regional, à recolha de material genético para caracterização e descrição e à instalação de campos de germoplasma em zonas com aptidão edafoclimática para a cultura, nomeadamente em Santana (Posto Experimental do Pico), Santo da Serra (Quinta do Santo da Serra) e Camacha (Terrenos anexos ao Laboratório de Qualidade Alimentar).
“Pretende-se com este projecto caracterizar e preservar este material genético único e estudar a sua adaptação a outras zonas da Região com condições edafoclimáticas mais favoráveis à cultura, embora sem tradição no seu cultivo, de modo a ultrapassar os problemas que as alterações climáticas colocam no normal desenvolvimento e produção da cultura. Paralelamente, a DRA procura variedades com menores necessidades de frio, de forma a responder aos efeitos das alterações climáticas na produção de cereja”, acrescenta Miguel Rodrigues.
Agricultura e Mar Actual