Desde há muito que, na CIP, entendemos o desígnio do relançamento industrial no contexto de uma estratégia mais vasta que visa redirecionar a estrutura produtiva do País para os setores abertos à concorrência internacional. Desde há muito que defendemos que o novo papel para a indústria é indissociável da sua ligação a atividades a montante e a jusante das cadeias de valor industriais.
Estamos, por isso, em plena consonância ao alertar que Portugal só se desenvolverá através da aposta nos setores produtores de bens e serviços transacionáveis e reclamar para esses setores o reconhecimento público do seu papel estruturante e estratégico para esse desenvolvimento.
Esta aposta inclui, naturalmente, a agricultura.
Sem menosprezar o estímulo que a agricultura pode representar para muitos outros setores, destacaria a sua estreita ligação com a indústria agroalimentar.
Na fase mais crítica da pandemia, a indústria agroalimentar deu provas da sua resiliência e capacidade de adaptação e atuação, tendo continuado a trabalhar para colocar no mercado alimentos e bebidas e satisfazer as necessidades dos consumidores. Este resultado só foi possível porque os agricultores garantiram a produção e a manutenção das cadeias de abastecimento e, dessa forma, a estabilidade do sector agroalimentar. Mais uma vez, ficou bem patente a forte ligação entre Agricultura e Indústria e a sua importância.
Os próximos anos não irão fazer abrandar a complexidade dos desafios que se têm vindo a colocar a toda a economia nacional e em particular à indústria agroalimentar.
Para os vencer, a indústria agroalimentar conta com o contributo de uma agricultura moderna e dinâmica. Por outro lado, o futuro da agricultura depende também da capacidade da indústria agroalimentar em vencer esses mesmos desafios.
Juntos, Agricultura e Indústria serão capazes de valorizar recursos naturais, gerar e reter na economia nacional mais valor acrescentado, aumentar as exportações, criar mais emprego, contribuir para um desenvolvimento económico e social mais equilibrado do território nacional.
Tal implica congregação de esforços.
Tal implica uma maior articulação das políticas dirigidas a estes dois setores, tanto a nível nacional como europeu.
Tal implica, também, uma maior coesão e convergência, no seio do associativismo empresarial, entre todos os que acreditam que é nas empresas – PME e grandes empresas, de todos os setores e de todas as regiões – que reside o potencial de recuperação da economia portuguesa.
ANTÓNIO SARAIVA
Presidente da Confederação Empresarial de Portugal
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