A guerra levou a uma subida em flecha dos preços da energia, que se reflete nos preços de outros bens essenciais. Os bens alimentares vão ficar mais caros, mas as empresas de distribuição descartam um cenário de escassez de produtos nas prateleiras.
Antes da invasão russa à Ucrânia a subida dos preços já era uma ameaça à economia. Desde então, a situação agravou-se e o pior ainda pode estar para vir, segundo as associações empresariais ouvidas pelo DN/Dinheiro Vivo. O balanço de um mês de guerra no preço de bens essenciais como a energia ou os alimentos é de subidas acentuadas. O petróleo valorizou 22,5% e o gás natural chegou a disparar 157%, arrastando o preço grossista da eletricidade e dos combustíveis para níveis recorde. Uma situação que tem levado várias empresas de distintos setores a temerem pela continuidade dos seus negócios. Nos bens alimentares, o agravamento médio dos preços poderá chegar aos 30%.
[…]
Risco de agravamento
[…]
A pesada fatura do conflito estende-se ainda aos bens alimentares e à escassez de algumas matérias-primas, como apontou António Saraiva. “Há setores afetados pela falta de fornecimentos de matérias-primas, como a metalurgia e a metalomecânica, muito dependentes do aço, do alumínio e do ferro, e as indústrias alimentares, dependentes de importações de cereais ou oleaginosas”, acrescentou.
Só no último mês, o preço dos futuros do trigo subiu 30% para 11,39 dólares por alqueire e os futuros do milho mais de 10% para 7,56 dólares por alqueire. O aumento dos custos das matérias-primas, da energia e dos transportes, que já se estava a sentir antes da guerra, culminou, assim, na tempestade perfeita. “Se juntarmos o que se passou nos últimos meses com a guerra, poderemos estar, nos bens alimentares, com um aumento médio da ordem dos 30% para os próximos meses”, apontou Gonçalo Lobo Xavier, diretor-geral da associação que representa as empresas de distribuição (APED), relembrando que a inflação em fevereiro já estava nos 5%.
Luís Mira, secretário-geral da Confederação dos Agricultores de Portugal CAP, aponta ainda que a invasão da Ucrânia pela Rússia “veio colocar mais pressão sob o setor agrícola” que já lidava “com o aumento sistemático dos custos com a energia, combustíveis e fatores de produção – com especial destaque para os adubos, fertilizantes e alimentação para os animais”. […]