A Federação Agrícola dos Açores defendeu hoje a possibilidade de a União Europeia (UE) importar cereais para distribuir pelos Estados-membros, evitando a rutura em regiões mais periféricas, como forma de combater as consequências económicas da guerra na Ucrânia.
“Tem de haver muito dinheiro para a Região Autónoma dos Açores. Dinheiro de forma prática e uma agilização de medida. Por exemplo, no caso dos cereais, tem de haver uma alteração na legislação e a possibilidade de a UE fazer importação, senão vai haver rutura em países mais periféricos”, observou Jorge Rita.
O responsável falava aos jornalistas após uma primeira reunião entre o presidente do Governo dos Açores, José Manuel Bolieiro, e representantes económicos da região, tentando resumir as posições dos parceiros sobre as medidas a tomar para combater o impacto da guerra na Ucrânia.
“Estamos com uma grande apreensão, insegurança e alguma desconfiança do que nos pode acontecer, devido à volatilidade dos preços dos combustíveis e cereais, que são brutais”, observou Jorge Rita.
Relativamente aos combustíveis, o presidente da Federação Agrícola apontou para a criação de “um limite ao nível europeu”, em vez de “contínuas subidas”.
Por outro lado, defendeu um reforço do POSEI – um programa de fundos comunitários “transversal a todas as produções agrícolas dos Açores”.
“Se os nossos custos aumentarem 30% na área agrícola, tem de haver reforço para cima de 30% do POSEI. Estamos a falar de 30 a 35 milhões de euros”, afirmou, considerando que seria uma “medida interessante para ajudar a alavancar a economia”.
Jorge Rita notou ainda que os “setores da atividade económica da região são extremamente importantes” e que “tem de haver prioridades”.
“Se calhar, o que era prioridade vai deixar de ser. As pessoas têm de se alimentar, de continuar a produzir. Tudo irá subir de forma dramática”, avisou.
A perspetiva dos agentes económicos é, por isso, “trabalhar de forma articulada na região, a nível nacional e a nível europeu”, acrescentou, salientando que não há qualquer “risco de rutura” de produtos alimentares na região.
“Atendendo às nossas condições arquipelágicas, estamos abastecidos, porque temos de abastecer em mais quantidade. Tanto para alimentação humana como dos animais”, assegurou.