A Confederação Nacional das Cooperativas Agrícolas e do Crédito Agrícola de Portugal (Confagri) pediu hoje ao Governo que adote medidas “céleres e concretas” para travar a doença da língua azul.
“Dada a gravidade da situação epidemiológica, a Confagri apela a uma resposta urgente do Ministério da Agricultura e Pescas sobre as medidas de contenção da epidemia da febre catarral ovina/língua azul, especificamente do novo serotipo três, que tem dizimado milhares de ovinos por todo o país e cujo contágio pode espalhar-se aos bovinos”, referiu, em comunicado.
A confederação espera, assim, que o Governo adote “medidas céleres e concretas”, defendendo que a vacinação deve começar o quanto antes em todo o território nacional e com os custos suportados pelo Estado.
Por outro lado, reclama a atribuição de uma ajuda financeira aos produtores afetados para mitigar os prejuízos e apoiar nos custos de tratamento.
“É necessário que o Estado delineie uma estratégia concreta para agir rapidamente através de medidas interventivas de vacinação, de apoio financeiro para suportar os elevados custos da vacina e para garantir que as explorações pecuárias mantêm a sua produtividade e viabilidade”, afirmou, citado na mesma nota, o secretário-geral da Confagri, Nuno Serra.
A doença da língua azul já afetou, pelo menos, 279 explorações de bovinos e ovinos, sobretudo em Évora e Beja, e provocou a morte de 1.775 animais, segundo os dados disponibilizados pelo Ministério da Agricultura à Lusa.
A febre catarral ovina ou língua azul é uma doença de notificação obrigatória, mas, de acordo com o Governo, as notificações só têm chegado com a informação relativa aos efetivos pecuários, sujeitos a colheita de amostras.
Os últimos dados disponíveis, reportados a segunda-feira, indicam que foram contabilizadas 41 explorações de bovinos afetadas, com 102 animais afetados e sem mortalidade.
No caso dos ovinos, somam-se 238 explorações e 11.934 animais afetados e 1.775 mortos.
Por distrito destacam-se Évora, com 90 explorações afetadas, e Beja, com 76, seguidos por Setúbal (48) e Portalegre (20).
Estes dados dizem respeito ao número de explorações pecuárias confirmadas positivas a BTV-3, serotipo da língua azul, detetado, pela primeira vez, em 13 de setembro.
O Ministério da Agricultura está a preparar o reforço dos apoios às organizações de produtores face à doença da língua azul e vai investir num plano de desinsetização para travar a propagação.
Questionado sobre se o Estado pondera suportar a totalidade da vacina contra a língua azul, o Ministério da Agricultura disse que, como medida extraordinária, aprovou o reforço da subvenção anual em um milhão de euros para a aquisição da vacina.
A língua azul é uma doença viral infecciosa, não transmissível a humanos.
Em Portugal estão a circular três serotipos de língua azul, nomeadamente o BTV-4, que surgiu, pela primeira vez, em 2004 e foi novamente detetado em 2013 e 2023, o BTV-1, identificado em 2007, com surtos até 2021, e o BTV-3.
CONFAGRI apela à ação do governo para conter a epidemia da febre catarral ovina