O mês de Abril alterou por completo o cenário da cultura da cereja que, até ao último dia de Março, perspectivava uma boa campanha. O Instituto Nacional de Estatística (INE), no seu Boletim Mensal da Agricultura e Pescas – Maio de 2020, estima uma redução de 30% na produtividade, face a 2019.
“Efectivamente, as condições meteorológicas foram muito adversas para a maturação das variedades precoces e para o desenvolvimento dos frutos das variedades tardias: no dia 31 de Março, a queda de neve numa das principais zonas de produção de cereja (Cova da Beira), seguida de uma primeira quinzena de Abril com dias com temperaturas anormalmente baixas e intensa precipitação, provocou a queda de frutos, o surgimento dum elevado número de frutos fendilhados, com pouco interesse comercial, e a diminuição significativa do poder de conservação dos restantes”, realça o Boletim Mensal da Agricultura e Pescas – Maio de 2020.
Produtividade com quebra de 30%
Assim, os técnicos do INE estimam uma redução de 30% na produtividade, face a 2019. E frisa que “existem junto dos produtores preocupações acrescidas quanto às quebras de produtividade do trabalho, pelo menos numa fase inicial de adaptação, resultantes da implementação de boas práticas indicadas para a realização de trabalhos de colheita de produtos hortofrutícolas em tempo de pandemia Covid-19, como sejam o uso de EPI ou a salvaguarda da distância de segurança entre trabalhadores (o que implicará, muitas vezes, a presença de apenas um trabalhador por árvore)”.
Entretanto, num projecto de resolução apresentado pelo Partido Socialista na Assembleia da República, que tem como primeiros subscritores os deputados eleitos pelo círculo de Castelo Branco (Hortense Martins, Joana Bento e Nuno Fazenda), é apontada a situação da produção de cereja do Fundão, com quebras acima dos 70% (por cento) e um prejuízo superior a oito milhões de euros.
Agricultura e Mar Actual