A Forestis -Associação Florestal de Portugal, promoveu a 13 de Junho, em Caldas de Monchique, um debate sobre o futuro da Floresta e da paisagem do Algarve.
O encontro serviu de plataforma para troca de conhecimentos e identificação de soluções para os principais desafios que o setor enfrenta nesta região.
Para o Presidente da Forestis é imperativo dar eco nacional à voz dos produtores florestais algarvios, advertindo que “a floresta é essencialmente propriedade privada, só eles é que podem assegurar a concretização das políticas florestais”.
O Eng.º Carlos Duarte reforçou a importância da adequação do PRGP de Monchique e Silves à especificidade do território e a necessidade de promover com assertividade e eficácia a implementação das suas ações, contribuindo para a valorização da paisagem e acréscimo do rendimento dos proprietários florestais”.
Por sua vez, o Diretor Regional do Algarve do Instituto da Conservação da Natureza e Florestas (ICNF), Eng.º Castelão Rodrigues presente na iniciativa deixou o alerta: “temos de manter um território sustentável sem comprometer as gerações futuras, porque a floresta é um ecossistema com grande biodiversidade, com valor na retenção de carbono, na emissão de oxigénio na flora e fauna e na economia”.
Para a Forestis esta ação no Algarve traduziu-se num importante passo, no sentido de selar um futuro mais promissor e sustentável para a floresta e paisagem algarvia.
Houve unanimidade pela defesa de uma gestão florestal mais ativa e resiliente. Foi elencada a necessidade de se reforçar o investimento na prevenção do risco de incêndios.
Conclusões do Seminário “Gestão da Floresta e da Paisagem do Algarve”
A Floresta na região do Algarve é um património e um ativo ecológico reconhecido e enaltecido pelas populações que a encaram como um recurso económico, que valoriza e desenvolve a Região.
A nova geração de Instrumentos de Gestão e Ordenamento do Território veio trazer constrangimentos que urge ultrapassar. A auscultação aos agentes foi deficiente, facto que contribuiu para que o trabalho técnico desenvolvido não esteja refletido no plano em implementação.
Fazendo uma retrospetiva das temáticas abordadas, foi unânime o entendimento de que as Zonas de Intervenção Florestal devem ser encaradas como a coluna vertebral da intervenção no território. Sendo certo que, se hoje inexistem mais resultados a apresentar, deve-se às de políticas titubeantes e da interrupção do financiamento. Foi este modelo organizacional que mais resultados produziu, sabendo-se que existem cerca de 2 milhões de hectares associados em ZIF.
Importa revisitar o PRGP aumentando a auscultação e integrando mais o sentir das populações, dos agentes económicos e das autoridades locais, designadamente as autarquias, que assumem um papel fulcral em matéria de proteção civil e desenvolvimento económico do meio rural.
Os municípios e associações florestais reclamam maior articulação entre os diversos planos territoriais, para que as opções sejam mais transparentes e menos burocráticas, para os produtores florestais e agentes económicos que pretendam investir.
É urgente que os condicionalismos criados pelo PRGP Monchique Silves, sejam ultrapassados, até porque constata-se uma tendência para o aumento de incultos e matos em detrimento da Floresta de Produção, com o inerente aumento do risco de incêndio.
Por sua vez, a The Navigator Company divulgou dados preocupantes sobre o impacto do PRGP, que apontam para a diminuição na instalação de nova floresta produtiva e o aumento de áreas improdutivas, destacando que entre 2018 e 2022, a área florestal sem intervenção ronda os 72%.
Por outro lado, regista-se que o Algarve apresenta uma forte cobertura associativa. As Associações de Produtores promovem um trabalho crucial no apoio à propriedade privada, mas reconhecem que poderiam ir mais além se as políticas fossem mais transparentes e estáveis, bem como se houvesse uma contratualização de médio prazo com o Estado, com indicadores de resultado e avaliação periódica.
Concluiu-se que na região algarvia impera um tecido institucional forte e cooperante em torno da Floresta, contudo regista-se a falta mecanismos e medidas de financiamento desenhadas para as necessidades especificas do Algarve. A Forestis, entidade promotora do Seminário, foi instada pelos intervenientes a continuar a corporizar iniciativas semelhantes noutros concelhos do Sul do país.
Fonte: Forestis