O grande aumento da procura da China de produtos como o milho e a soja apanhou o mercado de surpresa.
Os produtos de origem animal como carne, leite e ovos podem ficar mais caros devido ao aumento do preço das rações, alerta a Associação Portuguesa dos Industriais de Alimentos Compostos para Animais (IACA).
Em declarações à TSF, presidente desta associação, José Romão Braz, explica que o setor agropecuário está a ser afetado pela subida significativa no custo das matérias-primas que são a base da alimentação animal.
Desde o final do ano passado, produtos como o milho, o trigo, a cevada e as oleaginosas (soja, girassol e colza) têm registado “subidas acentuada nos mercados internacionais”, de entre 35% a 40% em média.
“A nossa preocupação é que esta realidade se venha a repercutir também nos produtos finais que chegam ao consumidor. Mais cedo ou mais tarde, se os atuais preços a nível internacional se mantiverem, é aquilo que vai acontecer”, alerta José Romão Braz.
Na base deste aumento de preços está a crescente procura da China, em especial de milho e soja, que está a tentar “repor stocks internos e promover a produção de alimentos a nível interno”.
José Romão Braz lembra que esta situação não é inédita. No passado verificou-se que os “preços mais altos das matérias-primas também são um incentivo dos agricultores para semearem mais em todo o mundo e normalmente há um ajustamento da oferta face à procura”.
“São as dinâmicas do mercado normais”, apenas não eram expectáveis este ano devido à pandemia. O “fator China”, com que não se contava, “alterou as regras do jogo”.
Não se sabe quando haverá o aumento de preços nos produtos de origem animal. O assunto será discutido esta quarta e quinta-feira num seminário da Associação Portuguesa dos Industriais de Alimentos Compostos para Animais.
O artigo foi publicado originalmente em TSF.