A Câmara de Idanha-a-Nova estranha os resultados do estudo europeu e os critérios para a escolha da Herdade da Fonte Insonsa, ao nível da concentração do glifosato, a mais elevada nas amostras analisadas no estudo.
Em resposta ao estudo europeu divulgado recentemente e feito pela organização Pesticide Action Network e pelo Grupo dos Verdes/Aliança Livre Europeia, no Parlamento Europeu, o município de Idanha-a-Nova manifesta a sua estranheza.
“Estranhamos estes resultados e os critérios escolhidos para selecionar a Herdade da Fonte Insonsa, em Idanha-a-Nova. Alguém acredita que Idanha tem o índice mais elevado de glifosato da Europa?”, questiona a Câmara Municipal, num comunicado enviado hoje à agência Lusa.
“A Câmara Municipal de Idanha-a-Nova, interessada em entender melhor os índices ambientais em todo o concelho, encomendou ao CoLAB Food4Sustainability, laboratório colaborativo na área da sustentabilidade ambiental, um estudo independente e credível que inclua monitorização de indicadores ambientais na biorregião de Idanha-a-Nova, nomeadamente o uso de pesticidas (onde se inclui o glifosato)” sustentou.
O estudo europeu que envolveu 12 países revela que Portugal é “campeão” em termos de concentração tóxica para consumo humano do herbicida glifosato em cursos de água doce.
Em Portugal, as amostras foram recolhidas no rio Douro, na Herdade da Fonte Insonsa, em Idanha-a-Nova, no distrito de Castelo Branco, e na Albufeira da Barragem do Roxo.
O estudo divulgado pela Plataforma Transgénicos Fora, organização que fez a recolha das amostras em Portugal, onde, a par de Áustria, Espanha e Polónia, foram detetadas concentrações de glifosato consideradas tóxicas para o consumo humano.
Uma das amostras em Portugal, recolhida em Idanha-a-Nova, continha 3 microgramas/litro (µg/L), isto é, 30 vezes mais que o limite legal, tendo sido a mais elevada concentração de glifosato detetada nas amostras analisadas no estudo.
O limite de segurança para o glifosato na água potável é de 0,1 μg/L.
A Câmara de Idanha-a-Nova salientou que em 2018, promoveu um encontro com outras autarquias do país, “alertando para o uso do glifosato e apresentando alternativas que passavam por maior monda manual e o uso de produtos biodegradáveis como o Katoun Gold, solução de origem natural”.
“No seguimento desse encontro, a Câmara Municipal de Idanha-a-Nova aderiu à Rede Nacional de Autarquias sem Glifosato, promovida pela Quercus, abdicando da utilização de herbicidas com impactos na saúde pública e no ambiente”, lê-se na nota.
Adianta ainda que “não utiliza glifosato em nenhuma intervenção que seja da sua competência”.
De acordo com a autarquia, além do corte regular das ervas daninhas, “é aplicado um herbicida biológico nos espaços públicos, como ruas ou jardins”.
“Além disso, é público que enquanto biorregião, a Câmara Municipal incentiva e apoia os produtores do concelho na transição, seja para o modo de produção biológico devidamente certificado, caracterizado pela não utilização de produtos químicos de síntese, seja para métodos agroecológicos e práticas reconhecidas internacionalmente”, sustenta.
No documento, o município Idanha-a-Nova reafirma “a sua oposição à utilização de glifosato” e incita as entidades governamentais, com responsabilidade nesta matéria, “a adotar as recomendações da Organização Mundial da Saúde, que classifica este produto como um potencial carcinógeno e apela à proibição da sua utilização”.