O Brasil anunciou hoje a compra direta de diversos produtos alimentares de setores afetados pelas tarifas de 50% impostas ao país pelos Estados Unidos.
As compras governamentais, cujas quantidades não foram especificadas, estão centradas em açaí, uvas, água de coco, mel, manga, peixes e castanhas, serão destinados à alimentação em escolas, universidades, hospitais, Forças Armadas e prisões, entre outros órgãos estatais.
“A ação contemplará agricultores familiares e empresas que deixaram de exportar para os Estados Unidos devido às tarifas impostas” pelo Governo do Presidente Donald Trump, de acordo com uma decisão oficializada no Diário Oficial.
O ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, explicou que outros produtos alimentares afetados pelas tarifas, como café ou carne bovina, não estão contemplados por enquanto, pois “têm outros mercados no mundo”.
A ampliação dos planos de compra do Governo faz parte de um pacote de ajuda elaborado para minimizar o efeito da decisão de Trump, que tributou em 50% parte das exportações brasileiras para os Estados Unidos.
Trump justificou a medida com um suposto deficit comercial, desmentido pelos próprios dados norte-americanos, que mostram que o intercâmbio bilateral é favorável aos Estados Unidos.
Mas, acima de tudo, alegou motivos puramente políticos, denunciando uma suposta “caça às bruxas” contra o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro e exigindo o fim do julgamento de tentativa de golpe de Estado que começa na próxima terça-feira.
Além de ampliar as compras governamentais para alguns dos setores diretamente afetados, o Governo brasileiro anunciou créditos de 40 mil milhões de reais (6,34 mil milhões de euros) para empresas que exportam para o mercado norte-americano.
Além dessas medidas internas, o Brasil lançou uma forte ofensiva comercial voltada para a busca de novos mercados, a fim de substituir as operações com os Estados Unidos, que em 2024 foram equivalentes a 12% do total das exportações brasileiras.
Ainda esta semana, o vice-presidente e ministro da Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, liderará uma missão comercial ao México, seguida de contactos semelhantes com a Índia, previstos para setembro.
Nesta segunda-feira, autoridades do Brasil e do Canadá anunciaram que, em outubro, serão retomadas as negociações para um acordo de livre comércio entre o país e o Mercosul, bloco que também integra Argentina, Uruguai e Paraguai, com a Bolívia em processo de adesão.
No horizonte do Governo brasileiro está a possível conclusão ainda este ano do acordo entre o Mercosul e a União Europeia (UE), bem como uma ampliação do comércio com os países do sudeste asiático.