Boticas vai recriar entre 28 e 30 de junho as invasões francesas, ocorridas há 200 anos, numa viagem pela história para promover a cultura e tradições locais como o vinho dos mortos cuja origem remonta à época.
“Além da dinâmica económica que queremos criar no concelho, queremos preservar a nossa história, a nossa tradição, a nossa cultura e a nossa identidade”, afirmou hoje à agência Lusa o presidente da Câmara de Boticas, Fernando Queiroga.
O objetivo da primeira edição do evento “Recriação Histórica – Invasões Francesas”, segundo reforçou o autarca, é “fomentar o turismo, a economia local e simultaneamente divulgar o concelho” do norte do distrito de Vila Real.
Em Boticas, a viagem ao passado acontece entre os dias 28 e 30 de junho.
Para além da recriação histórica que assinala a data das invasões francesas, que aconteceram há mais cerca de 200 anos, a vila vai ser ainda palco para a realização de várias atividades, como animação de rua, oficinas e ofícios da época, animais exóticos, música e bailes da época, espetáculos de fogo, espetáculos cómicos e mercado oitocentista, com a venda de produtos endógenos.
O evento conta com cerca de 45 recriadores históricos, de vários grupos nacionais, que irão organizar demonstrações históricas da época napoleónica com recriação de batalhas e confrontos entre portugueses, franceses e ingleses.
Fernando Queiroga disse que a iniciativa visa divulgar património existente um pouco por todo o concelho, preservar a história e ao mesmo tempo homenagear os antepassados, assim como promover a cultura e valorizar as “tradições únicas do concelho”, como é o caso do vinho dos mortos.
Em 1808, durante a segunda invasão das tropas de Napoleão Bonaparte, comandadas pelo General Soult, a população do território que é hoje o concelho de Boticas escondeu os seus bens para evitar as pilhagens, tendo enterrado o vinho no chão das adegas, debaixo das pipas e dos lagares.
Mais tarde, quando foram recuperar os seus bens, descobriram que o vinho tinha adquirido novas propriedades, como algum gás natural, e deram-lhe o nome, por ter estado enterrado, de vinho dos mortos.
Tornou-se num símbolo da resistência do povo deste território e atualmente é um vinho regional transmontano, de origem controlada, produzido pela família de Nuno Pereira, que mantém a tradição de enterrar as garrafas no chão da adega.
Entre 1807 e 1810, Portugal foi invadido três vezes a mando de Napoleão, que procurava transformar a França num império.
O programa do evento inclui a realização de uma parada militar e a recriação histórica de um confronto entre portugueses, franceses e ingleses.
De acordo com o município, a iniciativa conta com a participação da comunidade local e das associações recreativas como figurantes nas recriações históricas.