A falta de incentivos à produção e o baixo rendimento dos criadores foram algumas das preocupações manifestadas durante o I Congresso Nacional de Caprinicultura, que termina hoje em Vila Nova de Poiares.
“Há falta de pessoas interessadas em dedicarem-se à área da produção”, declarou hoje à agência Lusa o presidente deste município do distrito de Coimbra, João Miguel Henriques, para realçar que a caprinicultura “não é uma atividade atualmente muito lucrativa” para os pastores.
Enquanto o produtor de caprinos “fica com as migalhas”, ao nível das cadeias de distribuição “há muita gente a ganhar dinheiro à custa da fileira”, lamentou o também presidente da comissão de gestão do Centro de Competências da Caprinicultura, que organiza o congresso.
“São necessários incentivos de regulação do próprio mercado para valorização da fileira na origem”, defendeu.
João Miguel Henriques lembrou que “as cabras são amigas do ambiente, ajudam à sua sustentabilidade nos territórios de baixa densidade demográfica”, contribuindo para reduzir os riscos de incêndio, e podem proporcionar rendimentos aos donos de propriedades nalguns casos abandonadas há décadas.
“Temos aqui uma excelente oportunidade de trazer pessoas para os nossos territórios”, na linha dos investimentos que o Governo de António Costa propõe para a revitalização do interior, acentuou o autarca do PS.
Os responsáveis políticos locais, criadores e diferentes entidades ligadas à caprinicultura “estão preocupados com as dificuldades”, referiu.
Os participantes no encontro, subordinado ao tema “A implantação territorial da caprinicultura – Os produtos e a gestão dos recursos naturais” e com todas as sessões realizadas em modo virtual, insistiram na necessidade de “encontrar soluções” para esta atividade, de acordo com João Miguel Henriques.
O I Congresso Nacional de Caprinicultura arrancou na quarta-feira, com uma intervenção da ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, e encerra hoje, com a participação do secretário de Estado da Agricultura e do Desenvolvimento Rural, Rui Marinho.
O concelho de Vila Nova de Poiares, que reivindica o estatuto gastronómico de “capital universal da chanfana”, tem apostado na valorização desta iguaria tradicional à base de carne de cabra, no âmbito de um processo que há cerca de 20 anos foi impulsionado pelo anterior presidente da Câmara Municipal, Jaime Soares, do PSD, que continua a liderar a Confraria da Chanfana.