Novo presidente da Câmara de Odemira passa em revista o trabalho “interno” realizado e reconhece a necessidade de se avançar com medidas para uso mais sustentável e responsável da água.
É presidente da Câmara de Odemira há quase cinco meses. Como define este período?
Este período foi claramente de ajustamento interno e em que tivemos três preocupações essenciais. A primeira foi fazer o ajustamento da estrutura orgânica do município àquilo que é o nosso projeto político para os próximos quatro anos, com unidades orgânicas mais pequenas e que sintam mais necessidade de ter colaboração entre si. Uma dessas unidades orgânicas é a de Apoio Logístico, que é profundamente operacional e tem o objetivo de ter uma intervenção absolutamente integrada.
Em que sentido?
Se há uma rotura [de água], essa divisão é capaz de a arranjar e depois repor a estrada, a rua ou o passeio, por forma a que haja uma intervenção linear e completa. Por outro lado, nas outras unidades orgânicas, procurámos que fossem de facto mais pequenas e mais colaboradoras, para que as chefias tenham menos colaboradores, o que lhes permite ter uma relação avaliador-avaliado mais próxima e mais justa. Foi esse o sentido desta nossa primeira grande preocupação de adequar a estrutura orgânica àquilo que era a nossa proposta política para os próximos quatro anos.
Falou em três preocupações.
Depois tivemos uma preocupação grande, que teve que ver com a adequação de todos os projetos que temos em carteira – e que vêm do mandato passado –, que têm de ter continuidade, no sentido em que são projetos que têm financiamento comunitário e que tiveram dificuldades em ser implementados no terreno por razões várias sentidas em todo o país. Fizemos uma revisão de preços e de valores dos projetos que consideramos prioritários por terem financiamento comunitário e também por terem sido escolhidos como prioritários no mandato anterior. A terceira e última preocupação foi implementar algumas questões que fazem parte da nossa proposta política e que têm a ver com a implementação de modelos de governança no território, como a participação democrática das pessoas e fomentar uma democracia mais participativa e direta. Foi por isso que iniciámos desde logo o Fórum do Território. Também avançámos com uma das nossas promessas e vamos lançar um conjunto de 25 lotes para construção de habitação para jovens. Até final do mandato queremos concretizar 150 ofertas para jovens poderem encontrar soluções de habitação e esta é uma promessa que é mesmo para cumprir – como todas –, para dar oportunidade aos nossos jovens para que possam aqui concretizar o seu sonho.
A questão da água é igualmente uma das prioridades para 2022 assumida pelo município, sendo que uma das vossas propostas é a criação de um “Pacto para a Água”. Estamos a falar do quê?
Esta é uma proposta política clara e que não surge por este ano estarmos em seca extrema. A questão do uso sustentável e responsável da água tem de ser de todos. É nessa perspetiva que já começámos algumas reuniões com a Águas Públicas do Alentejo, com a Associação de Beneficiários do Mira e com a Agência Portuguesa do Ambiente, no sentido de olharmos para as diferentes expressões dos recursos de água no território – albufeira, rio, mar – e tentarmos encontrar modelos de responsabilidade entre todos. […]
Que ações em concreto?
Fazer um investimento nos canais [de rega] abertos, para que haja uma diminuição de perdas no final. A diminuição de perdas na rede de distribuição de água em baixa do Município. Fazer uma gestão das estações de tratamento de água e das próprias estações de tratamento de águas residuais, no sentido de haver um uso mais circular da água. E trabalhar com os agricultores e com os empresários, nomeadamente da área do turismo, e também com os consumidores, no sentido de podermos ter um uso mais eficiente e mais circular da água.
Muita da água que vai de Santa Clara para o perímetro de rega perde-se no mar. Isso preocupa-o?
[…] Se pensarmos que a atividade económica no território está muito ligada à utilização da água, temos do lado da procura uma pressão muito grande sobre o bem água. É preciso existir aqui, por todas as formas, uma tentativa de ajustar-nos mais àquilo que são as entradas de água e àquilo que é o consumo de água para a agricultura. […]