O Ministério Público (MP) guineense está a investigar o antigo e a atual ministra da Agricultura por suspeitas de terem vendido fertilizantes que o Senegal ofereceu aos agricultores do país, disse hoje à Lusa fonte daquele organismo.
Segundo a fonte do MP, o antigo ministro da Agricultura Mama Saliu Lamba e a atual ministra do mesmo pelouro, Fatumata Djau Baldé, “estão indiciados” e “devem responder assim que regressarem ao país”.
Saliu Lamba e Djau Baldé encontram-se, atualmente, fora do país, de acordo com fontes do Partido dos Trabalhadores da Guiné (PTG), a que ambos pertencem.
A mesma fonte do Ministério Público precisou que Fatumata Baldé, conhecida ativista pelos direitos das crianças e mulheres, destacando-se na luta contra a prática da excisão na Guiné-Bissau, “foi constituída suspeita” da prática de crimes de “peculato, administração danosa de bens públicos e abuso do poder”.
Em causa, precisou a fonte, estariam processos relacionados com alegadas vendas ilegais de “grandes quantidades de fertilizantes” que o Senegal disponibilizou aos agricultores da Guiné-Bissau.
A fonte da justiça guineense acrescentou que Mama Saliu Lamba, conhecido empresário do setor dos combustíveis e dirigente político do PTG, é investigado enquanto titular de uma “suposta empresa fictícia”, a partir da qual os fertilizantes foram vendidos.
O caso da venda de fertilizantes foi espoletado no passado mês de janeiro pela juventude do PTG, que acusou Fatumata Djau Baldé “de prática de corrupção”, tendo na altura ameaçado impedir à força a responsável de entrar no Ministério da Agricultura. Djau Baldé avançou, então, com uma queixa junto do Ministério Público pedindo o esclarecimento do assunto.
Na altura, a juventude do PTG instou o Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, a demitir Baldé das suas funções.
Secuna Baldé, porta-voz do PTG, liderado pelo atual ministro do Interior da Guiné-Bissau, Botche Candé, afirmou que o partido “aguarda por mais desenvolvimentos da justiça” e que se mantém solidário com os indiciados.
Questionado sobre se existe mandado de detenção contra os dois responsáveis políticos, a fonte do Ministério Público não quis responder.
Numa nota do Gabinete de Luta Contra Corrupção e Delitos Económicos do Ministério Público, com data de 06 de fevereiro e a que a Lusa teve hoje acesso, indica-se que Fatumata Djau Baldé e Mama Saliu Lamba, bem como a diretora geral de Floresta e Fauna, Fatumata Baldé, estão impedidos de viajar.
A fonte do Ministerio Público escusou-se igualmente a revelar qual o processo que envolve a diretora geral de Floresta e Fauna, também dirigente do PTG.
Apenas indicou que Fatumata Baldé “já foi inquirida” no Ministério Público, tendo-lhe sido aplicadas medidas de coação que nao quis especificar.
Na mesma nota, endereçada ao Ministério do Interior, o Gabinete de Luta Contra Corrupção e Delitos Económicos do MP solicita a detenção dos três responsáveis, o que não ocorreu até ao momento.