A Associação Nacional de Proprietários Rurais Gestão Cinegética e Biodiversidade (ANPC) está preocupada com algumas questões que ficaram latentes na reunião Conselho Nacional da Caça de ontem, 22 de Janeiro, “como seja a intenção de acabar com os cercados de caça maior”.
Uma intenção, “ainda fruto dos estilhaços da Torre Bela (…) com a qual não podemos concordar, tendo em conta a sua enorme importância e relevância. Não podemos esquecer que a caça maior é, em muitas regiões, das poucas actividades que permitem obter rentabilidade de espaços que são marginais para a agricultura, sendo os cercados estruturas muito importantes para assegurar uma correcta gestão dos efectivos, adequação de capacidades de carga, para além da importantíssima função de evitarem maiores problemas em termos sanitários”.
Recuperação de espécies como as aves necrófagas
A direcção da ANPC considera que não pode ainda deixar de salientar que “foram estes cercados fundamentais para a recuperação da caça maior em Portugal e igualmente para a recuperação de espécies como as aves necrófagas como o abutre-preto, abutre-do-egipto e o grifo, já para não falar que foi num cercado de caça maior que se fizeram as primeiras reintroduções de lince-ibérico em Portugal, processo aliás revestido de enorme sucesso”.
Para a Associação Nacional de Proprietários Rurais, “os cercados em si não são um problema, mas sim uma mais-valia, importando garantir que nestes ocorre uma boa gestão e não proceder à sua extinção, como parece ser defendido por alguns quadrantes”.
“Não podemos assim aceitar que aquilo que ocorreu na Torre Bela continue a inquinar a discussão e se tomem medidas injustas, precipitadas e altamente penalizadoras da caça, do desenvolvimento rural e conservação da natureza”, salienta a Associação.
Refira-se que, na reunião Conselho Nacional da Caça, a Associação Nacional de Proprietários Rurais Gestão Cinegética e Biodiversidade “se comprometeu a responder ao pedido feito pelo Governo de apresentarmos propostas no prazo de 3 semanas, desafio ao qual iremos corresponder, em exercício que iremos desenvolver em conjunto com as outras OSC de 1.º Nível”.
O artigo foi publicado originalmente em Agricultura e Mar.