A viabilidade económica da produção vinícola depende da conjugação certa de temperatura e chuva. Mas com o clima a mudar, os viticultores enfrentam cada vez mais desafios. Eis como as alterações climáticas afetam a vinha em quatro perguntas e respostas – incluindo soluções para o futuro
O tempo já não é o que era. O verão de 2023 foi globalmente o mais quente desde que há registo. Em Portugal, agosto foi o quinto mais quente desde 1931, diz o IPMA. E setembro não começou mais ameno, com tempestades de granizo a provocar estragos no Norte.
No campo, na vinha, tudo isto traz “diferenças muito significativas” para a produção de vinho. “As vindimas clássicas como nós as conhecemos, a entrar pelo Outono adentro, estão a começar a ser uma miragem”, afirma Rui Soares.
O diretor de viticultura da Real Companhia Velha trabalha há 26 anos na “mais antiga empresa de vinhos de Portugal” e garante que os efeitos das alterações climáticas são “palpáveis”. “Era tradicional as vindimas começarem em setembro e prolongavam-se até meados de outubro. Ao longo destas duas décadas, aquilo que estamos a ver é que a cada vez mais começamos a vindima mais cedo. Hoje em dia é muito raro – para não dizer não existe mesmo – a vindima começar em setembro. Começam em agosto. Este foi o ano em que a empresa abriu mais cedo a adega, no dia 10 de agosto. Estamos a vindimar desde esse dia e vai ser o ano em que provavelmente vamos acabar mais cedo, nos últimos dias de setembro.” […]