Novo projeto europeu dedicado à promoção da produção, consumo e inovação de culturas vegetais arrancou em Portugal, onde se dará especial enfoque às leguminosas. A iniciativa, designada de Innovative Strategies to Accelerate the Adoption of Plant Based Food (ISAAP), cofinanciado pelo EIT Food (Instituto Europeu de Inovação e Tecnologia), conta com um orçamento global superior a 2 milhões de euros, abrangendo três países: Portugal, República Checa e Dinamarca.
Em Portugal, o orçamento supera os 888 mil euros e destina-se a reforçar toda a cadeia de valor das leguminosas. O investimento pretende apoiar agricultores, aproximar a produção do consumo, impulsionar o desenvolvimento de novos produtos alimentares à base de leguminosas, apresentar recomendações nacionais a decisores e, em última instância, fortalecer a resiliência e a segurança alimentar.
“Este projeto representa uma oportunidade concreta para reforçar o papel da agricultura portuguesa na produção sustentável de leguminosas.”, refere Luís Mira, Secretário-Geral da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) e um dos membros do consórcio em Portugal. “A CAP acredita que a valorização destas culturas, desde o campo até ao consumidor, é essencial para garantir rendimentos justos aos agricultores, promover a inovação e responder às necessidades de um sistema alimentar mais saudável, equilibrado e autónomo. Compete-nos assegurar que os agricultores disponham do conhecimento e das condições necessárias para transformar os desafios em oportunidades de futuro.”
Portugal produz apenas 15% das leguminosas que consome, alertam os membros do consórcio, destacando que aumentar e valorizar a produção nacional deste alimento é essencial para reforçar a soberania e a segurança alimentar, bem como a sustentabilidade a vários níveis.
“O cultivo de leguminosas no sistema agrícola apresenta várias vantagens, tais como a redução da necessidade de fertilizantes químicos azotados, diminuindo assim os custos e os impactos ambientais”, afirma Júlio Bento, Técnico Agrícola da CERPRO, organização de produtores que também integra o consórcio português. “As leguminosas melhoram a estrutura do solo ao reduzir a compactação e aumentar a retenção de água e nutrientes; reduzem as emissões de gases de efeito estufa devido ao menor uso de fertilizantes químicos; promovem a biodiversidade, entre outros benefícios”, acrescenta.
O projeto ISAAP em Portugal combina prática agrícola, inovação e cooperação institucional, num conjunto de atividades designado de AgriLink. As atividades de formação e produção agrícola são da responsabilidade da CAP e da CERPRO com o cultivo de três variedades de leguminosas – tremoço, grão-debico e chícharo – numa área de mais de 50 hectares, em Almeirim. A Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica Portuguesa (ESBUCP), também membro do consórcio em Portugal, lidera a inovação com um novo produto à base de leguminosas e a ProVeg Portugal assume a cooperação e envolvimento institucional, promovendo a ligação entre produção, indústria e procura, e desenvolvendo recomendações de políticas e medidas nacionais.
“O projeto ISAAP traz uma oportunidade única de fechar a lacuna nas cadeias de valor locais e de responder às necessidades de todas as partes interessadas que trabalham em prol de ecossistemas mais equilibrados, melhor saúde e alimentação, e economias mais fortes”, afirma Carla Santos, investigadora doutorada da ESB-UCP. “Na UCP, estamos comprometidos em transformar a ciência em prática, desde o apoio aos agricultores até ao desenvolvimento de alimentos inovadores à base de plantas, garantindo que estas soluções contribuam para um futuro mais sustentável.”
O ISAAP em Portugal surge como uma resposta concreta aos desafios do sistema alimentar. Ao demonstrar que a produção de leguminosas é sustentável, especialmente para a saúde do solo, e economicamente viável, o projeto contribui para reforçar a segurança alimentar, promover a autonomia nacional, dinamizar as economias rurais e estimular a inovação no desenvolvimento de novos produtos à base de leguminosas.
“As leguminosas, já enraizadas na nossa cultura alimentar portuguesa, devem assumir o seu lugar como a proteína vegetal de eleição, fortalecendo uma cadeia alimentar mais robusta, saudável e sustentável. Para tal, é fundamental que a produção nacional encontre efetivamente resposta no consumo interno, que ainda se mantém abaixo do recomendado.”, afirma Joana Oliveira, Diretora da ProVeg Portugal.
Fonte: ProVeg Portugal















































