O país está a arder; o distrito de Coimbra é um dos mais afetados pelos incêndios de agosto de 2025.
Uma parte das áreas ardidas são terrenos comunitários mais conhecidos como áreas baldias.
Os terrenos comunitários são, no universo florestal nacional, um património valioso e um importante espaço de atividades silvícolas, atingindo 13% da área florestal nacional ( cerca de 540 mil m2).
A Região Centro nomeadamente o distrito de Coimbra, tem uma área importantes de terrenos baldios. São milhares de hectares geridos pelas populações, extremamente importantes para quem reside no interior.
Com dados ainda insuficientes relativos à área ardida para um apuramento final, e tendo em conta as informações de gestores dos baldios ligados à COBALCO , nos concelhos de Oliveira do Hospital, Arganil, Lousã, Seia e Pampilhosa da Serra, há áreas de vários baldios que arderam na totalidade e outros parcialmente (totalizando uma área destruída cerca de 5000 ha )
As causas principais do que vem acontecendo, ano após ano, são a falta de investimento nas últimas décadas pelos sucessivos governos, no planeamento e reordenamento do território e da floresta, associados ao despovoamento e à desertificação das regiões interiores do país.
É preciso que o Governo meta mãos à obra e apoie as comunidades locais na recuperação destes espaços tão importantes.
A COBALCO (Associação Cooperação entre Baldios do Distrito de Coimbra) irá enviar ao Ministro da Agricultura e Pescas , e ao Ministro do Ambiente e Energia uma Exposição com a reclamação das medidas abaixo enunciadas.
É urgente:
1 – A criação de mecanismos de apoio para a recuperação de maquinaria e infraestruturas danificadas nas áreas baldias;
2 – Através do PEPAC (Plano Estratégico da Política Agrícola Comum) disponibilizar às comunidades locais (Baldios) apoios financeiros para a recuperação de áreas florestais afetadas por incêndios, com o objetivo de promover a resiliência ambiental e a sustentabilidade.
3 – Que o governo reorganize e ponha a funcionar a Comissão Nacional para a Valorização dos Territórios Comunitários (CNVTC) criada em 2008, com a missão de elaborar um Programa Nacional de recuperação dos Territórios Comunitários, ou seja das áreas baldias.
4 – Que o Governo reative o programa “Aldeia Segura” e “Pessoas Seguras”
O programa “Aldeia Segura” é um “Programa de Proteção de Aglomerados Populacionais e de Proteção Florestal” destinando-se a estabelecer “medidas estruturais para proteção de pessoas e bens, e dos edificados na interface urbano-florestal.
Por seu turno, o programa “Pessoas Seguras” visa promover “ações de sensibilização para a prevenção de comportamentos de risco, medidas de auto proteção e realização de simulacros de planos de evacuação, em articulação com as autarquias locais”.
5 – Instalação dos parques de iniciativa pública de receção dos “salvados” dos fogos ou seja, da madeira queimada ou chamuscada para assegurar a sua venda a preços minimamente interessantes para os pequenos e médios proprietários e para os Baldios.
6 – A extensão das AIGP Áreas Integradas de Gestão da Paisagem aos gestores dos Baldios de forma a possibilitarem intervenção no terreno também no domínio da prevenção de incêndios e da reflorestação das áreas ardidas.
Senhor Primeiro Ministro, é preciso passar das palavras aos atos!
Não podemos perder mais tempo!
A situação assim o exige!
Fonte: Cobalco