Coruche recebe de 30 de Maio a 2 de Junho a FICOR – Feira Internacional da Cortiça, certame que visa promover e divulgar o único produto em que Portugal é o maior produtor mundial, mas também afirmar o concelho como capital mundial da cortiça. “Este é o ano de consagração” do certame, afirma o presidente da Câmara de Coruche à Gazeta Rural. “O sobreiro, enquanto símbolo nacional, é o grande foco das diversas conferências e debates que irão ter lugar na Ficor”, adiantou Francisco Oliveira.
Gazeta Rural (GR): O que mais destaca no programa da FICOR 2019?
Francisco Oliveira (FO): Este é o ano de consagração da FICOR. São onze anos a realizar este certame, que é único no país, e a afirmar este território como capital mundial da cortiça. Este é também o ano em que celebramos o décimo aniversário do Observatório do Sobreiro e da Cortiça.
Pretendemos reforçar o papel que esta estrutura tem na valorização do montado de sobro como nicho ecológico e económico de grande valor e enquanto elemento agregador de toda a fileira da cortiça, constituindo uma plataforma de apoio aos produtos florestais, indústria, associações sectoriais, empreendedores e investigadores.
Este ano o sobreiro, enquanto símbolo nacional, é o grande foco das diversas conferências e debates que irão ter lugar no Observatório do Sobreiro e da Cortiça, considerando o seu papel para todo o ecossistema, bem como no combate às alterações climáticas e enquanto produtor de uma matéria-prima única no mundo, que eleva Portugal como líder mundial.
“Cortiça – Moda & Inovação” será o tema da exposição patente no primeiro piso do espaço da FICOR, onde iremos revisitar os coordenados dos últimos 10 anos do desfile de Moda – Coruche Fashion Cork, desenhados por designers de renome, mas o grande destaque desta exposição será a apresentação do maior vestido de fio de cortiça, com 17m de comprimento, concebido pela CASA GRIGI, pioneira no uso de fio de cortiça em vestuário, reconhecida internacionalmente pelo caracter inovador e design contemporâneo.
Paralelamente são muitas as actividades que completam o programa da décima primeira edição da FICOR, com a realização de excelentes espectáculos dos quais se destacam o momento de stand up comedy com Rouxinol Faduncho, os concertos com Olavo Bilac e Raquel Tavares e o já habitual desfile de moda – Coruche Fashion Cork, que este ano conta com a participação especial do designer Ricardo Andrez e a apresentação ficará a cargo de Débora Monteiro, contando com a apresentação dos projectos e ideias candidatadas ao Concurso de Ideias e Criatividade, no âmbito do projecto PROVERE “Montado de Sobro e Cortiça”.
A FICOR contempla ainda espaços e actividades dedicados aos mais novos, considerando que se comemora no dia 1 de Junho, o Dia Internacional da Criança, mas também o Dia do Sobreiro, estando previsto o lançamento da campanha de sensibilização “Rolhas por um Sobreiro”, com o objectivo de promover a reciclagem de rolhas de cortiça, em parceria com a Quercus.
Os momentos de evasão e desportivos têm ainda grande destaque nesta edição com a realização de passeios pedestres pelo montado, bem como a realização da consagrada Corrida das Pontes e da Família, que já conta com 15 edições. Para encerrar o programa da FICOR irá realizar-se uma grandiosa corrida de toiros, lidada a solo, pelo cavaleiro coruchense João Ribeiro Telles Jr. Está lançado o desafio para visitar a FICOR e a Praça da Restauração, onde não falta a excelente gastronomia regional, nos restaurantes presentes que dedicam as suas ementas aos sabores do montado e às tradições da nossa terra ribatejana.
GR: Que expectativa tem para esta edição?
FO: Como referi, é a edição que consagra o trabalho que temos vindo a desenvolver nos últimos 10 anos e que tem tido um forte impacto no território, não só no concelho mas no país. Hoje, mais do que uma marca “Coruche, Capital Mundial da Cortiça” somos um território que soube valorizar o que de melhor este recurso endógeno nos trouxe para a economia do concelho e para toda a dinâmica que se criou em torno do Montado de Sobro e da Cortiça. E por isso, nesta edição vamos olhar para o futuro, com uma programação científica forte, com destaque para a importância do sobreiro na mitigação às alterações climáticas, mas também com foco naquele que é o principal sector de empregabilidade no concelho.
Queremos realçar as oportunidades para o mundo do trabalho que se criam com o montado de sobro e a cortiça, é um novo olhar para o mercado de trabalho que já vai muito além dos sectores tradicionais, que passavam pela produção e indústria de rolha mas que hoje vão da moda à inovação.
GR: A FICOR é um certame consolidado. Até onde pode ir?
FO: Consolidado e com grande capacidade de evoluir. Fizemos muito e queremos fazer ainda mais. Estamos a conseguir reforçar as relações com os diferentes agentes do sector: dos produtores florestais, às diferentes associações, aos trabalhadores, aos empresários e industriais, aos investigadores e universidades. Aqui, as parcerias têm sido cruciais e quero destacar o PROVERE- MONTADO DE SOBRO E CORTIÇA, que como consórcio tem sido uma alavanca para os territórios corticeiros e que querem continuar a investir nesta área e a torná-la um activo económico para os territórios. O futuro terá necessariamente de passar pelo acentuar do cariz internacional do certame.