A CAP – Confederação dos Agricultores de Portugal defende a implementação de novas infra-estruturas de retenção, armazenamento e distribuição de água para fins múltiplos, incluindo a actividade agrícola, promovendo a indispensável fixação de população no território e contribuindo, também, para a mitigação do perigo de incêndio em espaço rural.
A proposta faz parte do documento estratégico “Ambição Agro 2020-30”, apresentado pela CAP no passado dia 24 de Setembro, e diz que essa implementação “poderá ser financiada pelos fundos da política da coesão, em complementaridade com o mecanismo da recuperação e resiliência, com base numa priorização e calendarização das intervenções, atenta à necessidade urgente de o país enfrentar o problema das alterações climáticas e da desertificação”.
Explicam os responsáveis pela Confederação dos Agricultores de Portugal que a “água é um factor de produção determinante para a agricultura mediterrânica, sem o qual a manutenção de uma parte muito significativa da nossa produção não poderá ter continuidade a médio/longo prazo, tendo em conta o que é já hoje possível observar ao nível do impacto das alterações climáticas na produção agrícola nacional e na desertificação do território”.
Por outro lado, na visão da CAP, impõe-se a necessidade de impulsionar a expansão de culturas regadas que hoje, fruto das novas técnicas de rega e de dotações mais reduzidas, “maximizam o potencial do recurso, conseguindo ganhos de produtividade acentuados na produção e uma maior diversidade de culturas”.
Reabilitação e modernização dos aproveitamentos hidroagrícolas
E acrescentam que Portugal tem um conjunto de aproveitamentos hidroagrícolas em exploração responsáveis por expressivos focos de desenvolvimento regional e progresso sócio-económico, mas que, “fruto da erosão do tempo nos equipamentos e nos conceitos, obrigará a um reforço dos programas de reabilitação e modernização em curso, ou em agenda”.
Tanto estes como também os avultados investimentos realizados pelos particulares nos últimos anos, não são, contudo, na opinião da CAP, “suficientes para fazer face ao futuro que rapidamente se aproxima”.
Segundo o documento da Confederação, que representa o contributo dos agricultores nacionais para o Plano de Recuperação e Resiliência que o Governo terá de apresentar em Bruxelas até ao próximo dia 15 de Outubro, o armazenamento e a gestão adequada dos recursos hídricos, de forma a que possam ser utilizados na altura em que são necessários para concretizar os processos produtivos, a par da utilização eficiente da água, “constitui um elemento preponderante para que o sector continue a afirmar a sua competitividade face a outras regiões europeias, nas quais a escassez de água não é um problema relevante na actualidade”.
O artigo foi publicado originalmente em Agricultura e Mar.