[Fonte: Renascença]
Não há plantações de canábis na área de influência de Alqueva, mas o presidente da Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva (EDIA), José Pedro Salema, confirma a existência de contactos nesse sentido.
“Tivemos no ano passado contactos de, pelo menos, dois investidores”, diz à Renascença José Pedro Salema, vendo com bons olhos essa e qualquer outra possibilidade com vista à diversificação de culturas.
“Da nossa parte, não há qualquer limitação”, diz o responsável da EDIA. No caso especifico da canábis, “as autorizações são dadas pelo Infarmed e pela GNR”, e “desde que se cumpra a lei”, é “perfeitamente” possível plantar canábis na zona do Alqueva.
Do ponto de vista económico e financeiro, o presidente da empresa que gere o empreendimento de fins múltiplos considera que o negócio é muito atraente: “Foi-nos apresentado um modelo de produção intensiva, em estufa, com possibilidade de geração de valor que rebenta com qualquer escala que os agrónomos estejam habituados a conhecer.”
“Falamos de valores brutos de produção na ordem dos milhões por hectare, números que não são possíveis em qualquer outra cultura”, acrescenta Salema.
Portugal está na rota do negócio global da canábis para fins medicinais, mas a sua utilização é proibida em solo nacional.
Os diplomas do Bloco de Esquerda (BE) e do PAN que prevêem a prescrição de canábis para fins medicinais baixaram esta quinta-feira à comissão de Saúde sem votação.
Papoila branca
No âmago do Alentejo, onde chega a água de Alqueva, o que já cresce é a papoila branca. Em 2011, a empresa farmacêutica escocesa Macfarlan Smith deu inicio aos primeiros testes. Mais tarde, uma multinacional australiana, a TPI Entreprises, foi também autorizada a produzir este tipo de papoila. Um caso de sucesso de introdução de uma nova cultura, mas que não atingiu maior dimensão porque não foi instalada qualquer unidade industrial.
“O que temos em Alqueva é apenas a produção primária, a produção agrícola”, explica, mas a criação de valor “está na extracção do componente activo, na extracção dos opiáceos, e isso tem de ser feito numa unidade industrial que não está em Portugal”.
O material produzido nos campos alentejanos “é triturado, posto em sacos e é depois enviado para as fábricas que estão na Escócia ou em Espanha”, esclarece o mesmo responsável.
Esta é também a razão pela qual a área de cultivo não têm aumentado, não ultrapassando, de acordo com o presidente da EDIA, “os mil e poucos hectares, o que está muito longe dos números que eram apontados no inicio da produção de papoila no Alentejo”.
Os campos de papoila branca não estão perto das estradas principais, mas existem dezenas espalhadas pelos distritos de Évora e Beja, nas zonas de regadio, associadas ao empreendimento de fins múltiplos.
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