Lactogal no seu melhor
A AJAP – Associação dos Jovens de Portugal vem expressar a sua total solidariedade com os produtores de leite e as suas as associações de base, sim associações de base, porque subimos na escala hierárquica e acabamos na Lactogal e num conjunto de interesses, lóbis, salários avultados e, pasme-se, todos se dizem defensores dos produtores de leite.
Afirmamos mesmo que esta Organização, que evoluiu desde as salas de ordenha comunitárias, se transformou num “monstro” que não olha a meios para atingir os fins, mascarada por cooperativismos que pouco ou nada defende os interesses dos produtores de leite.
O leite em Portugal é um setor quase em ruína devido a uma panóplia de dirigentes que deixaram de ter bovinos de leite, que encostaram os tratores, porque dedicam o seu tempo, ou parte dele, numa representação que nada representa, a não ser os seus interesses e luxos.
Quando os agricultores criticam, contestam e manifestam junto das grandes superfícies, fazem-no contra empresas privadas, multinacionais que visam apenas o lucro que compram com o preço mais baixo possível aos produtores nacionais. Neste particular estamos numa luta entre produtores e empresas de distribuição e comercialização. O caso da Lactogal e das grandes Uniões de Cooperativas que a suportam e que a originaram é diferente, e tem sido complicado ao longo dos últimos anos esta convivência entre produtores e dirigentes e os atuais factos são o culminar de uma paz podre que reinou, e tem reinado, ao longo dos últimos anos.
Como é possível pretenderem diminuir a recolha anual em 60 milhões de litros de leite em Portugal para, segundo os próprios, “Garantir a valorização máxima do preço do leite”, sendo que os produtores vão receber menos um cêntimo por litro de leite sem qualquer aviso ou justificação prévia. Ninguém percebe isto. Ainda hoje está por explicar a capa do Correio da Manhã de 28 de março de 2009, onde se destacaram os salários milionários dos gestores deste setor, contrastando com o preço absurdo pago ao produtor, o que se reflete numa situação bastante delicada, pois mesmo dispondo de todo o seu tempo útil, roubando muitas horas ao merecido descanso, praticamente sem férias, as vendas das produções das explorações estão no limiar para contrabalançar os custos.
Perante esta situação o Estado assobia para o lado!
Perante esta situação os Partidos Políticos e seus dirigentes continuam a visitar estas Estruturas como exemplos de sucesso, mesmo sabendo que estão a levar o setor e os seus produtores à ruína.
É talvez chegada a hora das Organizações socioprofissionais se unirem e pôr fim a um setor que foi exemplo de organização, que cresceu cada vez mais organizado e que culminou numa guerra sem precedentes com todos aqueles que o sustenta.
Lisboa, 8 de agosto de 2018