O preço da água no Algarve vai aumentar para sustentar projetos de eficiência hídrica na região, aumento que “não será grande” mas que será suportado também pelos grandes consumidores da agricultura e golfe, afirmou hoje o ministro do Ambiente.
Intervindo num seminário `online` sobre a porção do Plano de Recuperação e Resiliência dedicada aos recursos hídricos, João Pedro Matos Fernandes afirmou que “vai haver um aumento da água no Algarve, mas o aumento nunca será muito significativo”.
O governante justificou esse aumento com a necessidade de garantir o funcionamento de dois projetos que serão “um seguro” para garantir que não haverá menos água no Algarve nas próximas décadas: a ligação de uma captação de água do Guadiana no Pomarão à barragem de Odeleite, projeto que custa 55 milhões de euros, e a dessalinização de água do mar, que custa 65 milhões.
“Têm que ser entendidos como um seguro que queremos introduzir no Algarve”, disse Matos Fernandes em relação aos dois projetos, indicando que a dessalinização “tem impacto ambiental, a sua localização exata terá que ser muito bem pensada e avaliada com muitíssimo cuidado”.
A sua concretização “não pode significar um aumento apenas nos consumidores domésticos”, ilustrando que “todos os setores terão que pagar o prémio deste `seguro`”, que se destinará ao que custa manter os projetos a funcionar, uma vez que o investimento para os fazer é comparticipado a 100 por cento.
“A agricultura e o golfe vão ser chamados a comparticipar”, afirmou, indicando que o Governo ainda está a calcular como o aumento será calculado e qual a parte que caberá a estes dois grandes consumidores de água.
Poderá ter como base de cálculo a percentagem dos consumos ou a percentagem de taxa de recursos hídricos paga, adiantou.
Para Matos Fernandes, o que é certo é que “vai ter que se repercutir de forma horizontal”.
O ministro referiu que o “seguro Pomarão” não terá que ser usado todo o ano, mas sobretudo “de outubro ou novembro a abril”, para garantir que a barragem de Odeleite tem água suficiente para abastecer o Sotavento.
No entanto, a dessalinizadora “tem que funcionar sempre, embora com quantidades diferentes, porque se parar, avaria”.
“É uma hipótese que o tempo nos levará a poder considerar noutras zonas do país, mas onde ela é mais premente
João Pedro Matos Fernandes afirmou que o compromisso para os próximos anos não poderá ser dar “muito mais água ao Algarve, mas prometer que o Algarve não vai ter menos água nos tempos mais próximos”.
Para isso, a ideia-chave é eficiência, declarou, e é para isso que estão destinados 200 milhões de euros para a região no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência da União Europeia.
Além do dinheiro que será aplicado nos “projetos-seguro”, haverá 35 milhões de euros para redução de perdas de água na rede urbana, 17 milhões para aumentar a eficiência e reduzir perdas na agricultura, cinco milhões para governança dos recursos e 23 milhões para promover a utilização de águas residuais tratadas.