A Confederação Nacional da Agricultura (CNA) lamentou hoje que receber o preço compensador por aquilo que se produz continue a ser uma “tarefa quase impossível” e criticou a passividade do Governo.
“Para os agricultores, cujos rendimentos são cerca de 40% inferiores aos rendimentos dos demais cidadãos, receber o preço compensador por aquilo que retiram da terra continua a ser uma tarefa quase impossível”, lamentou, em comunicado, a confederação, quando se assinala o Dia Mundial da Alimentação.
A CNA assinalou que os consumidores fazem igualmente parte do elo mais fraco da cadeia, enquanto os intermediários dominam o comércio agroalimentar.
Neste sentido, exemplificou que, no primeiro semestre, as duas maiores empresas que comercializam bens agroalimentares tiveram receitas históricas com os lucros a ascenderem a 371 milhões de euros.
“Os lucros astronómicos, e escandalosos, gerados no meio da cadeia são contabilizados perante a passividade do Governo que se recusa a adotar políticas de regulação do mercado, que travem a ‘ditadura’ da grande distribuição ou a inundação do mercado por produtos importados”, apontou.
Os agricultores referiram ainda ser possível melhorar as condições de acesso da população a alimentos saudáveis e adequados e, em simultâneo, ter melhores preços à produção.
A CNA disse que o país precisa de um Orçamento do Estado que apoie a agricultura familiar, com modelos orientados para a produção e consumo locais, para além da promoção da sustentabilidade.
Esta confederação criticou ainda o corte previsto na proposta da Comissão Europeia para o Quadro Financeiro Plurianual para 2028-2034, ao mesmo tempo que as verbas destinadas à defesa crescem.
“[…] É uma clara e inaceitável inversão de prioridades, em que se privilegia a indústria da guerra à custa da alimentação da população”, vincou.
Direito Humano à Alimentação só pode ser cumprido com sistemas alimentares mais justos