Se, à primeira vista, crianças e terra deveriam rimar com sujidade e nódoas, é reconhecido por todos que a brincadeira ao ar livre também traz benefícios ao desenvolvimento das crianças.
De facto, a agricultura como atividade ao ar livre pode ser divertida e ser uma grande aventura na natureza para crianças de qualquer idade, mas também fonte de:
– Conhecimento: cultivar alimentos é toda uma ciência que deve ser explorada. A criança poderá aprender a fazer medições (pode ser usada uma régua) do intervalo de sementeira (imaginando quanto a planta vai crescer) ou medir a quantidade de água com que regar as plantas, aprendendo que, com maior calor e crescimento da planta, maior a quantidade de água que deve ser usada.
Sugestão: os mais crescidos poderão fazer uma pesquisa da origem dos hortícolas, marcar no mapa mundo e até lançar o desafio de cultivar um legume proveniente de cada continente.
– Mobilidade e coordenação: a criança deverá usar ferramentas diferentes para os diferentes trabalhos que a cultura exigirá (por exemplo, a monda das ervas daninhas e a sementeira). A sementeira pode ser um desafio para os mais pequeninos (acertar com a semente no seu buraquinho), mas também uma excelente oportunidade de melhorar a sua coordenação.
Sugestão: as pás, baldes, regador, etc. da praia podem transformar-se em excelentes “ferramentas agrícolas” coloridas e divertidas.
– Experiência sensorial: começando pelo tocar numa semente, sentir o seu tamanho, rugosidades e cor, e acabando na colheita e, claro, a degustação do produto do seu esforço.
Sugestão: incluir a criança no planeamento e escolha de uma receita para cozinhar com o fruto do seu trabalho. Ou, então, planear primeiro uma receita e depois escolher plantar um ingrediente ou mais dessa mesma receita;
– Responsabilidade: ao cuidar todos os dias da sua horta, a criança é estimulada a cumprir com os seus compromissos.
Sugestão: estabelecer uma rotina diária para, por exemplo, para as regas.
– Perseverança: a criança poderá aprender que deve ter paciência e saber esperar pelo momento certo para colher o que plantou. Aprenderá que as suas ações terão reações futuras e o seu esforço será recompensado.
Sugestão: como as crianças, regra geral, não são conhecidas pela sua paciência, assim, e de modo a evitar que percam o interesse, deverá começar por hortaliças com crescimento mais rápido, tais como alface, rabanetes ou espinafres, entre outros.
– Confiança: a criança verá que é capaz e que possui o extraordinário poder de fazer crescer a sua própria comida a partir de uma semente pequenina.
Não é necessária uma grande parcela de terreno para praticar agricultura. Algumas hortaliças podem ser cultivadas facilmente em vasos, floreiras ou outro recipiente (haja criatividade e, obviamente, buracos na base para a drenagem da água de rega).
Sugestão: os vasos podem ser pintados com cores coloridas pela criança.
O primeiro passo para a criação da sua horta, deverá começar pela escolha do local de plantação. Deverá ter boa exposição solar (horas de sol), um ponto de água perto e ser um sítio acessível aos mais pequeninos.
Se decidir efetuar sementeira de mais do que uma cultura em simultâneo, a criança poderá desenhar uma etiqueta (e/ou escrever o nome) de cada uma para identificação.
Sugestão: a etiqueta pode ser forrada com papel autocolante para a tornar impermeável e, assim, resistente às regas.
De modo a acelerar um pouco todo o processo, uma boa opção será adquirir pequenas plantas já prontas a serem transplantadas para a terra (à venda nas lojas com vertente agrícola). No entanto, a excitação do primeiro olhar sobre as primeiras folhas a brotar da terra, será inesquecível para qualquer criança.
Sugestão: as plantas de raiz, tais como rabanetes, batatas ou cenouras, acrescentam um ótimo elemento surpresa, pois apenas no momento da colheita a criança verá o produto final.
Uma última sugestão: Se conhecer algum fruticultor, pode negociar a fruta na árvore e organizar uma apanha da fruta (por exemplo, maçã) em família ou até mesmo como atividade entre amigos. O divertimento é garantido.
Com a sua horta em casa, a criança desenvolverá noções sobre a origem dos alimentos e passará a valorizar o esforço e dedicação necessários para levar os alimentos do prado ao prato. Também irá promover hábitos de alimentação saudável, na medida que a criança estará mais interessada em provar os alimentos que ela própria fez crescer.
A agricultura para ao mais pequenos será também uma maneira de desligarem os mal-afamados ecrãs e a tecnologia que lhes é tão apelativa e se conectarem à natureza.
Poderá parecer brincadeira de criança, mas brincar aos agricultores em ponto pequeno com a terra pode mesmo ajudar a salvar a Terra
Artigo publicado originalmente em DICAs.