A Associação Distrital dos Agricultores de Coimbra (ADACO) exigiu hoje que o Governo assuma a responsabilidade de executar uma obra de regadio, anunciada para a margem esquerda do Mondego, cujos trabalhos deveriam ter começado em 2018.
Em comunicado enviado à Lusa, Isménio Oliveira, coordenador da ADACO, argumenta que em 2018, “com pompa e circunstância”, o Governo anunciou que as obras hidroagrícolas na zona de produção de arroz do vale do rio Pranto, afluente do Mondego, nos concelhos de Soure e Figueira da Foz, “iriam arrancar no final do mesmo ano”, mas “até agora tudo não passou do papel”.
Na nota, Isménio Oliveira diz que o projeto anunciado no ano passado denomina-se “Pranto I” e abrange uma área de cerca de 700 hectares (cerca de um terço do total da área agrícola em causa, cuja obra hidroagrícola chegou a ser anunciada há uma década e nunca avançou), “com um investimento na ordem dos 25 milhões de euros no âmbito do PDR [Programa de Desenvolvimento Rural] 2020”.
“Esta obra, segundo o anúncio feito, inclui trabalhos de emparcelamento, construção das redes de rega, drenagem e ainda regularização dos terrenos, estando prevista a conclusão para 2022”, acrescenta Isménio Oliveira.
“Estamos quase em março e os produtores, que seriam avisados da paragem da produção de arroz durante a execução do projeto, com as respetivas indemnizações, não foram ainda informados de nada, começando daqui a um mês o início da cultura do arroz. Entre os orizicultores a ideia é de que em 2019 as obras não se vão iniciar”, sustenta Isménio Oliveira.
O dirigente da ADACO frisa ainda que o Governo, “ao entregar à Associação de Beneficiários [da Obra de Fomento Hidroagrícola] do Baixo Mondego a responsabilidade da execução da obra, lavou as mãos como Pilatos”.
“A Associação de Beneficiários assumiu responsabilidades, que, pelo que vemos, tem dificuldades em executar, devido às suas limitações técnicas, financeiras e de recursos humanos. Dada a urgência destas obras, o Governo tem que assumir a responsabilidade da execução da obra [de regadio] o mais urgente possível, os orizicultores não podem continuar à espera”, considera Isménio Oliveira.
A agência Lusa tentou ouvir a Associação de Beneficiários da Obra de Fomento Hidroagrícola do Baixo Mondego, mas os contactos resultaram infrutíferos.