O ministro da Agricultura, José Manuel Fernandes, classificou hoje como positivo e um desafio o acordo entre a União Europeia (UE) e o Mercosul, defendendo que pode vir a criar uma nova geopolítica.
“Considero que é positivo e termos uma nova geopolítica e força geopolítica (…) Não há que ter medo, não há que ter receio, é um desafio. Mas dar-nos-á, face à situação que existe, um novo bloco com uma força global”, disse aos jornalistas José Manuel Fernandes.
Em declarações em Montemor-o-Velho, no distrito de Coimbra, à margem do colóquio “Agricultura no Baixo Mondego: Cooperativismo e Futuro”, a cujo encerramento presidiu, o governante notou que em relação a Portugal “há uma importância adicional” na relação com o Brasil.
“São 212 milhões de pessoas, às vezes não temos a noção que é metade da população da União Europeia, o dobro da área, é o quinto maior país do mundo, a décima economia mundial, falamos a mesma língua”, notou.
Frisou que Portugal tem interesse em exportar azeite, vinho e queijo e que a eventual remoção das taxas atualmente praticadas é importante.
Questionado se os restantes estados-membros da UE estarão otimistas face ao acordo com o Mercosul, como Portugal está, José Manuel Fernandes admitiu que a posição não é unânime .
“Acho que alguns estados-membros não têm a mesma posição porque não fizeram a defesa das vantagens e deixaram-se enredar em argumentos que não correspondem à realidade e que, agora, são difíceis de desmontar”, observou.
A Comissão Europeia prometeu hoje que vai proteger os agricultores de disrupções provocadas pelo acordo com o Mercosul, prevendo um aumento das exportações anualmente para aqueles países da América Latina em 39%, mais 49 mil milhões de euros.
De acordo com a informação disponibilizada hoje pelo executivo comunitário, sobre as propostas que vai apresentar ao Conselho da União Europeia para que possam ser alvo de discussão e aprofundamento, o acordo com os países do Mercosul deverá aumentar em 39% as exportações anuais da UE, para mais 49 mil milhões de euros.
O acordo que vai criar “a maior zona de comércio livre do mundo” vai reduzir “os encargos aduaneiros muitas vezes proibitivos para as exportações da UE”, incluindo em “produtos industriais essenciais, como automóveis (hoje de 35%), maquinaria (entre 14% e 20%) e indústria farmacêutica (até 14%)”.
A previsão da Comissão Europeia é de que as exportações agroalimentares “cresçam pelo menos 50%” com a redução tarifária, nomeadamente em vinho e bebidas brancas, chocolate e azeite, prevenindo a imitação e a “competição injusta” de 344 produtos com indicação de proteção geográfica.
Os países do Mercosul são o Brasil, Argentina, Paraguai, Bolívia e Uruguai.
Fonte europeia acrescentou que o objetivo é concluir o processo até ao final do ano, aproveitando a presidência brasileira do Mercosul, mas o processo ainda tem de ser analisado pelo Parlamento Europeu e pelos 27 Estados-membros.