Enquanto os primeiros ensaios europeus com batata editada por CRISPR demonstram resultados promissores (Projecto Opportunity), o quadro legislativo que permitiria a adoção de variedades mais resistentes e sustentáveis continua bloqueado em Bruxelas.
Após oito meses de negociações, 26 organizações europeias da cadeia agroalimentar, que representam desde a investigação e o melhoramento até ao comércio e à transformação, emitiram um forte apelo aos decisores europeus para que a aprovação da legislação sobre as Novas Técnicas Genómicas (NGTs) avance sem mais demoras.
Estas organizações alertam que:
- A competitividade do setor agrícola europeu está a deteriorar-se, enquanto os nossos principais concorrentes globais já utilizam estas tecnologias
- A UE não pode impor novos entraves burocráticos (rotulagem adicional, monitorização, requisitos administrativos injustificados) às variedades semelhantes às convencionais
- A regulação deve ser baseada na ciência e na proporcionalidade, garantindo segurança mas sem bloquear a inovação
- Cada atraso alarga o fosso tecnológico entre a Europa e os países que já aprovaram NGTs, como EUA, Reino Unido, Japão e vários países do hemisfério sul
O documento é explícito na sua pergunta fundamental:
“A Europa quer, ou não, dotar os seus produtores e empresas das ferramentas necessárias para garantir uma produção alimentar competitiva e sustentável?”
— Carta conjunta das associações europeias
Sem uma legislação habilitadora, os agricultores europeus perdem acesso a variedades essenciais para enfrentar:
doenças como o míldio tardio
novas pragas e stress hídrico
redução da disponibilidade de fitofármacos
pressão crescente sobre a produtividade e os custos
Após vários meses de negociações intensas em Bruxelas, a aprovação do novo regulamento das NGTs pode concretizar-se durante 2026, caso o Parlamento Europeu, o Conselho e a Comissão encontrem finalmente um compromisso sobre os pontos ainda em discussão (rotulagem, monitorização e questões de propriedade intelectual).
No entanto, se persistirem bloqueios políticos, o processo poderá estender-se para 2027. Tendo em conta a necessidade urgente de garantir competitividade, sustentabilidade e segurança alimentar na Europa, o setor agroalimentar mantém a expectativa — e o forte apelo — de que a decisão final seja alcançada já no próximo ano.
A ciência está pronta, as soluções já existem —
falta apenas que a Europa permita que cheguem ao campo.
Fontes
- CIBPT, “CRISPR: Europa realiza com sucesso os primeiros ensaios de batata geneticamente editada resistente ao míldio tardio.” (21 de novembro de 2025) — notícia sobre os ensaios de campo bem-sucedidos da batata editada por NGT/CRISPR.
https://cibpt.org/2025/11/21/crispr-europa-realiza-com-sucesso-os-primeiros-ensaios-de-batata-geneticamente-editada-resistente-ao-mildio-tardio/ - “Joint letter from 26 European agri-food organisations on NGT trilogue discussions” — carta conjunta dirigida às instituições da UE, pedindo a aprovação célere da legislação das NGTs. (novembro de 2025) — documento em PDF.
https://europatat.eu/wp-content/uploads/2025/11/25.0832-Joint-letter-NGT-trilogue-discussions.pdf
Fonte: Porbatata












































