A rotação de culturas é uma prática muito antiga, sendo conhecidas referências, além de na Bíblia, em diversas culturas ocidentais.
Há mais de 6 000 anos, os romanos e os gregos já praticavam a rotação de culturas.
O primeiro sistema de rotação apresentava três princípios: alimento, forragem e pousio.
O princípio “alimento” era referente aos cereais utilizados na alimentação humana, o princípio “forragem” ao alimento produzido para os animais e “pousio” significava deixar a terra em repouso, sem culturas.
A rotação de culturas é a técnica agrícola utilizada para alternar as espécies vegetais com propósitos culturais, época de produção e conservação do solo, na mesma área agrícola.
A boa planificação da rotação de diferentes culturas a cada ciclo melhora os níveis de matéria orgânica (estimulando a atividade dos microrganismos) e as características físicas, químicas e biológicas do solo e promove a retenção de água nas camadas mais profundas.
Proporciona ainda uma produção diversificada de produtos agrícolas e o aumento do rendimento e da produtividade das culturas, com a libertação alternada de nutrientes, bem como auxilia o melhor controlo de pragas, doenças e ervas daninhas, otimizando a economia de gastos dos produtos fitofarmacêuticos e fertilizantes e, em última análise, contribui para a proteção da natureza.
O plano deve considerar espécies da mesma época, com o mesmo tipo de crescimento, mas com sistema radicular e exigências nutricionais diferentes, e uma boa adaptação às condições edafoclimáticas locais.
Para potenciar o solo e reduzir o seu desgaste é importante conhecer as características das plantas e determinar qual é o melhor ciclo a seguir na rotação de culturas.
Os critérios a ter em conta para a divisão em grupos pode ser o tipo de produção (raiz, fruto, folha e sementes), a família de culturas (Asteráceas, Brássicas, Cucurbitáceas, Liliáceas, Fabaceas, Solanáceas e Apiaceas) ou outros requisitos pontuais, como, por exemplo, os nutrientes do solo.
Os esquemas com planificação por tipo de produção e família de culturas devem ter em consideração a família das Fabaceas, consideradas culturas melhoradoras do solo porque são excelentes fixadores de azoto no solo, contribuindo assim para disponibilizar azoto às culturas do ciclo seguinte, ao contrário do que acontece com as culturas da família das Brássicas que esgotam rapidamente o solo.
Ana Ghira
Direção Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural
O artigo foi publicado originalmente em DICAs.