Um governo que quer afirmar-se de esquerda democrática devia ser um exemplo da ética (nem republicana nem monárquica, apenas ética) e tomar medidas que garantam a sustentabilidade do território.
Já aqui há dias numa nota curta saída neste mesmo jornal apontei o dedo a uma grande confusão e desnorte que grassam num Governo arrogantemente empossado com uma maioria absoluta no Parlamento e volto a interrogar se o dr. António Costa terá percepção do mal que está a fazer à democracia, à política e aos políticos, com tanta desfaçatez, umas atrás das outras. E ao que parece as trapalhadas vão continuar…
Parafraseando o filósofo Michel Onfray, dir-se-á que, para pessoas como o sr. primeiro-ministro, a ideia que ele faz da realidade que lhe agrada é mais real do que a própria realidade. Um governo que quer afirmar-se de esquerda democrática devia ser um exemplo da ética (nem republicana nem monárquica, apenas ética) e no empenho da tomada de medidas de médio e longo prazo que garantam a sustentabilidade do nosso território. Governar à vista tem dado para ter as contas certas, mas não garante, por falta dessas medidas sérias, a perenidade dos sectores fundamentais dum território de condição mediterrânica e sob ameaça de graves alterações climáticas.
Agora foi-se a secretária de Estado da Agricultura e lamenta-se que não tenha levado com ela a ministra. Embora o problema seja mais das políticas do que das pessoas, há-de ser cada vez mais difícil ao sr. primeiro-ministro recrutar técnicos competentes, nomeadamente para este sector, pois um agrónomo que seja conhecedor e sério não aceita tutelar uma pasta em que o sector agrário não esteja completo, com agricultura e silvicultura; e […]