Na fase atual, as famílias deixam uma enorme fatia do seu ordenado nas compras de supermercado. O governo desdobra-se em ações de inspeção a tentar descobrir quem, da cadeia alimentar, está a obter lucro indevido. Quem é o culpado!
Os debates e as entrevistas multiplicam-se para se encontrar a justificação.
O Ministério da Agricultura, querendo também aparecer na fotografia dos salvadores do consumo em Portugal, até ressuscita, o que diríamos que é um nado morto- Observatório dos preços. Mecanismo que foi anunciado, em outubro de 2022 e assim como surgiu, também se deixou de ouvir falar. Agora, face a tanta polémica, lá renasceu o famigerado observatório como se este, até porque não tem representantes de todos os setores (o setor da carne não foi convidado) resolvesse o problema dos preços ao consumidor e/ou conseguisse justificar os preços no retalho.
Nada é mais do que a lei normal da oferta e da procura.
Tivemos, como sabemos, nos últimos tempos, vários e avultados aumentos dos fatores de produção (combustível, energia elétrica, gás, matérias-primas para a alimentação animal, entre outros) que dispararam os custos da produção animal. Cenário que se que complicou ainda mais com a falta de abastecimento das matérias-primas e mesmo de fatores de produção, concomitantemente com os surtos de doenças animais (nomeadamente da Peste Suína Africana na europa, que dizima efetivos animais), levando à produção de menos animais vivos, logo menos oferta, animais mais caros.
Consequentemente, custos disparatados para a indústria, os quais, ainda assim, não estão vertidos no custo do produto final, levando, contudo, a situações insólitas, como o exemplo da lata de salsichas, a qual é mais cara que o seu conteúdo, as salsichas, tendo atribuído o valor de IVA de 23%.
O que pode ser feito para que os preços baixem?
Caberá só ao governo conseguir esta façanha. Basta trazer o valor do IVA para os valores praticados pelos vizinhos espanhóis. Nomeadamente que os produtos cárneos em vez de 23% tivessem os valores de Espanha, 10%. Valores já há muito reivindicados pela APIC, o que poderá fazer poupar às famílias portuguesas um valor anual de perto de 80 milhões de euros.
Fonte: APIC
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