Porquê falar em sustentabilidade na alimentação? Porque traz maior foco para a mitigação da emissão de CO2, uso eficiente de recursos e sua manutenção, a necessidade de promover a circularidade, a valorização de subprodutos e a importância da biodiversidade.
A palavra sustentabilidade está na ordem do dia. Hoje todos queremos ser sustentáveis. E isso inclui o que comemos. Acontece que falar em sustentabilidade na alimentação é mais do que apenas focar no produto. Mais do que pensar no prato que nos chega à mesa. Porque a verdadeira sustentabilidade inclui, também, tudo o que está para trás. E isso começa, desde logo, na produção, e inclui o transporte, o armazenamento e a confeção propriamente dita, sem esquecer a gestão dos resíduos. E é aqui que a investigação está a fazer a diferença, abarcando os vários pontos da cadeia de valor.
Mas nem sempre foi assim. Há algumas décadas, os projetos de investigação focavam-se apenas no desenvolvimento do produto ou na investigação pura e dura. Hoje isso mudou, há uma interação entre as universidades e os centros de investigação e as empresas, o mercado em si. Agora, o objetivo da investigação assume ter uma visão mais integrada, procurando desenvolver bens e serviços, preferencialmente internacionalizáveis, que abarcam desde a produção à confeção.
Hoje, afirma Deolinda Silva, executive director na PortugalFoods, as empresas estão a investir nas várias vertentes que permitam tornar a sua operação mais sustentável. Nomeadamente ao nível da proveniência da matéria-prima e no estudo dos fornecedores, por forma a garantir modos de produção sustentáveis, e, consequentemente, uma menor pegada de carbono. Adicionalmente, e numa fase mais avançada do ciclo, no desenvolvimento de novas embalagens. Através da utilização de materiais biodegradáveis, da incorporação de material reciclado, mas também na criação de embalagens recicláveis e reutilizáveis. Basta pensar que desde 1 de julho foi estabelecida a proibição da utilização de plásticos de uso único. “Temos de caminhar para a responsabilização da cadeia de valor desde o produtor ao consumidor”, conclui Deolinda Silva.
Como refere André Mota, principal scientist da Colab4Food, atualmente a visão das políticas europeias (ex.: Green Deal e Farm2Fork) é cada vez mais sistémica. E a sustentabilidade desempenha um papel fundamental ao longo de toda a cadeia de valor, incluindo no despertar de consciências dos cidadãos europeus, assim como na promoção de hábitos mais sustentáveis que, per si, contribuem para cadeias de valor com menor impacto.
Esta visão abrangente reflete-se nos financiamentos europeus existentes, que promovem a chamada From Farm to Fork – Do Prado ao Prato. Mas em que é que esta noção se traduz especificamente? No desenvolvimento de soluções, tecnologias, processos e produtos que consigam capitalizar melhorias significativas em toda a cadeia de valor. Começa desde logo, como afirma Miguel Teixeira, scientific & executive director da Colab4Food, no setor primário (agricultura), em que se destaca “a forte aposta na robotização da produção agrícola, o que permitirá gerar eficiências e melhorias no processo, bem como melhorar a rastreabilidade e segurança dos alimentos”. Já Joana Grácio, operations manager da Food4Sustainability, aponta a evolução
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