Graça Mariano – Diretora Executiva da APIC
A Indústria da Carne: Um Compromisso com a Sustentabilidade e o Futuro
A indústria da carne em Portugal, representada pela Associação Portuguesa dos Industriais de Carne (APIC), é um pilar essencial da economia, da segurança alimentar e da identidade cultural. Num mundo confrontado com desafios climáticos e nutricionais, o setor da criação de animais destaca-se pelo seu compromisso com a inovação, a transparência e o equilíbrio do ecossistema. Longe de ser o obstáculo retratado em narrativas simplistas e erróneas, como as veiculadas por certos artigos de opinião, a indústria da carne lidera esforços para conciliar a produção alimentar com a proteção do planeta e o bem-estar da sociedade. Convidamos os leitores a conhecerem o nosso trabalho, assente em ciência, factos e uma visão de futuro sustentável para Portugal.
1. Um Setor Vital para a Economia e a Sociedade Portuguesa
A criação de animais é um motor económico, contribuindo com 4,2 mil milhões de euros para o Produto Interno Bruto (PIB) e gerando mais de 150 mil empregos diretos, em regiões rurais onde as alternativas económicas são escassas (7). Sistemas extensivos, como a pastorícia, promovem a fixação de populações no interior, combatendo a desertificação e fortalecendo a resiliência face a desafios climáticos, conforme sublinhado pela FAO (2).
A carne é, igualmente, uma fonte indispensável de nutrientes, como proteínas de alto valor nutritivo, ferro na sua forma heme e vitamina B12, essenciais para a população. Juan Pascual, em Razões para ser Omnívoro: Pela Tua Saúde e a do Planeta (2024, p. 151), esclarece: “…A menos que consumamos as nossas próprias fezes ou as de outras pessoas, a única forma de obter vitamina B12 é através do consumo de produtos animais…” Narrativas como a do artigo “Da carne de vaca ao nosso ego” (Público, 29 de setembro de 2019), que defende a eliminação da carne de vaca das cantinas universitárias, ignoram a riqueza cultural da dieta mediterrânica – património da UNESCO – e os desafios de acessibilidade económica e nutricional para as famílias portuguesas. Estudos como o de Willett et al. (10) mostram que dietas equilibradas, com quantidades moderadas de carne, são ideais para a saúde e a sustentabilidade, desmontando visões falaciosas que propõem a sua exclusão.
2. Sustentabilidade Ambiental: Ciência e Inovação na criação de animais
Contrariamente a narrativas alarmistas, como a do artigo “Carne: a pegada insustentável” (Público, 20 de fevereiro de 2025), que exagera o impacto da criação de animais em água e desflorestação, o setor contribui com apenas 14,5% das emissões antropogénicas de gases de efeito estufa (GEE), muito menos que os setores da energia (34%) e dos transportes (16%). O metano emitido por ruminantes integra um ciclo biológico de curta duração (10-12 anos), diferente do CO₂ fóssil de longa permanência (provenientes do setor da energia), como esclarece Pascual (2024, p. 87).
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Fonte: APIC