A rega é, sem dúvida, uma prática cultural de elevado interesse para a agricultura.
Com as alterações climáticas que atualmente se fazem sentir, as temperaturas altas são cada vez mais frequentes e a precipitação não é, muitas das vezes, suficiente para satisfazer as necessidades hídricas das plantas.
A rega tem por finalidade fornecer ao solo, na situação mais conveniente, as quantidades de água necessárias à obtenção dos níveis de humidade do solo mais adequados ao bom desenvolvimento das plantas.
Face às temperaturas muito elevadas que se têm verificado nos Postos de Observação Biológica do Serviço Regional de Avisos Agrícolas é fundamnetal ter em atenção à rega das plantas.
De facto, a qualidade e a quantidade de água, a frequência de rega e o método de rega são fatores importantes para o bom desenvolvimento da planta.
Qualidade da água de rega
A qualidade da água de rega condiciona o tipo de produto agrícola que pretende fazer.
Caso tenha tanques com água armazenada, deverá solicitar uma análise à qualidade da água de rega, de modo a verificar se cumpre os parâmetros de qualidade de água de rega exigidos (ver Decreto-Lei n.º 236/98, de 1 de agosto).
Quantidade de água
As necessidades de água para rega são estimadas através do balanço hídrico do solo cultivado e podem ser satisfeitas pela precipitação e pela reserva de água nos solos.
Quando as necessidades de água não são satisfeitas de forma natural, é essencial considerar uma rega para o bom desenvolvimento da cultura
O excesso de rega provoca o aparecimento de problemas fitossanitários, de desenvolvimento e asfixia radicular. A falta de água promove a formação de plantas mais pequenas, fibrosas e com frutos malformados.
Na elaboração do plano de rega é preciso ter em conta a profundidade das raízes das culturas, uma vez que este fator é determinante para obtermos uma rega eficiente.
Além da profundidade que as raízes atingem, deve ter em conta fatores como a espécie, a variedade, a localização geográfica e a época de cultivo.
Plantas com raízes mais profundas, como o tomateiro, necessitam de regas com maior débito de água e mais prolongadas; plantas com raízes mais superficiais, como a alface, precisam de regas mais frequentes e com menor débito.
Em zonas com maior escassez de água, deverá optar por fazer caldeiras nas árvores de fruto, de forma que haja uma maior acumulação de água.
Com temperaturas mais elevadas, deverá aumentar a quantidade e a frequência de regas, de modo a satisfazer as necessidades hídricas das culturas.
Métodos de rega
Para fazer uma rega otimizada e sustentável, deve adotar o melhor método de rega a cada cultura, tornando assim o sistema de rega mais eficiente, com menos perdas e com uma distribuição mais uniforme por planta.
A rega localizada é dos métodos mais adequados, podendo fazê-lo regando gota-a-gota. O consumo é reduzido e existe menor evaporação de água.
Outros métodos de rega por que pode optar são a rega por gravidade e a rega por aspersão.
A escolha do método de rega depende diretamente das culturas que vai produzir, condições edafoclimáticas, disponibilidade de água e das vantagens e desvantagens de cada um.
Para melhorar a produtividade do uso da água deverá:
– Adequar sempre o melhor método de rega à cultura/ variedade instalada e ao tipo de solo;
– Determinar as necessidades hídricas das culturas antes de as instalar;
– Fazer um plano de rega, considerando os momentos essenciais e críticos da rega e;
– Optar por fazer as regas sempre ao início do dia.
A textura do solo também influencia o tipo de rega e a forma como o faz: solos arenosos necessitam de mais regas do que solos argilosos, uma vez que os primeiros têm uma menor retenção de água e nutrientes.
Artigo publicado originalmente em DICAs.