A anoneira (Annona cherimola Mill.) é nativa dos vales das terras altas da Cordilheira dos Andes, a altitudes entre os 1 300 e os 2 600 metros, abrangendo territórios do Chile à Colômbia, passando pela Bolívia, Peru e Equador.
É uma árvore ou arbusto relativamente denso, lenhosa, de crescimento rápido, brevemente caducifólia, mas principalmente perene, de ramificação baixa, com 5 a 9 metros de altura. Os ramos maduros são lenhosos. As flores são carnudas, de um verde muito claro.
Só após a epopeia marítima dos Descobrimentos é que esta árvore chegou à Europa. A Madeira foi um dos locais onde ela se adaptou e encontrou condições edafoclimáticas favoráveis. Assim, na costa Sul é possível observá-la entre as cotas dos 30 aos 650 metros de altitude e na costa Norte entre os 30 e 300 metros de altitude.
A flor da anoneira é hermafrodita e dicogâmica protogínica. Da formação da flor ao estado de floração pleno demora cerca de um mês. Esta ocorre gradualmente e as primeiras flores aptas a serem polinizadas ficam dois dias abertas, primeiro na fase feminina e depois na masculina. A autofecundação é um evento raro, pois o desenvolvimento pleno dos grãos de pólen só ocorre depois das estruturas femininas estarem aptas à fecundação.
A polinização é entomófila (pequenos coleópteros da família Nitidulidae). Em pomares comerciais, o aumento da produtividade é conseguido pela polinização manual.
A poda de formação e de manutenção é uma atividade importante no pomar, para assegurar uma árvore forte, bem balanceada e resistente aos danos pelo vento, para produzir uma estrutura aberta que permita a fácil penetração das pulverizações, o acesso a uma polinização manual e à colheita dos frutos, para atingir um balanço ótimo entre o tamanho da fruta e o vingamento desta, para minimizar as marcas no fruto devido ao roçamento ou ainda para controlar o tamanho da árvore e assegurar uma vida longa e produtiva do pomar.
Atualmente, o maior problema fitossanitário dos pomares de anoneira é a cochonilha Nipaecoccus nipae (Maskell, 1893), que se alimenta das partes verdes da planta e excreta uma substância açucarada, desenvolvendo-se no limbo folear fungos negros, a fumagina, que dificultam a realização plena da fotossíntese.
(publicado originalmente no almanaque “A Corriola”, de 2022)
Graça Freitas
Direção Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural