A cebola é cultivada em todo o Arquipélago da Madeira, mas com maior preponderância no concelho de Santa Cruz, nas freguesias do Caniço, Gaula e Santa Cruz, mas também com algumas explorações na Camacha, onde se produz, sobretudo, a cebola do tarde.
Trata-se de uma espécie herbácea, bianual, mas cultivada como planta anual, muito aromática e com gosto e cheiro característicos, possuidora de um bolbo volumoso, globoso ou subgloboso a oblongo ou até muito alongado, mas, às vezes, deprimido ou achatado. Saliente-se que o tamanho, a forma e a cor (branca, amarela ou vermelha) dos bolbos, quando maduros, são as mais importantes características que permitem a distinção das cultivares.
Para a produção local de semente, o agricultor escolhe os melhores bolbos da cultivar que lhe interessa e planta-os entre novembro e março, de acordo com a época de produção que pretende e com o local de cultivo.
A sementeira é feita em canteiros devidamente preparados e fertilizados e em local abrigado, soalheiro e com facilidade em serem irrigados.
A época de sementeira é variável, dependendo de se pretender uma colheita “do cedo” (temporã) ou “do tarde”, realizando-se a primeira de outubro a princípios de dezembro e, a segunda, de dezembro a fevereiro.
Para a obtenção de cebola “do cedo”, o cultivo é realizado nos locais mais quentes à beira-mar ou baixa altitude, como geralmente sucede no Caniço, em Gaula e em Santa Cruz, e, para a cebola “do tarde”, o cultivo é feito na Camacha e noutros locais, de altitude semelhante.
As plântulas de cebola, a que os madeirenses chamam ‘cebolinho’, quando atingem certas dimensões (a espessura de um lápis) são transplantadas para os locais de cultivo.
A cebola “do cedo” ou temporã é normalmente plantada de novembro a março e colhida de abril a junho, enquanto a cebola “do tarde” é plantada de março a maio e colhida de julho a setembro.
Embora na Madeira a cebola não seja muito atreita a ataques intensos de doenças e pragas, aparecem por vezes podridões dos bolbos, provocadas por bactérias e/ou fungos, o míldio poderá encontrar condições para evoluir em anos mais chuvosos e, ocasionalmente, poderemos ter a presença do tripes.
A rotação de culturas em que entra a cebola é prática corrente.
Depois de colhidas, as cebolas são conservadas e armazenadas, normalmente em locais aconselhados para o efeito e, algumas vezes, dispostas em “cabos”, que são as conhecidas réstias (ou seja, o entrançado das folhas já secas da planta e que “seguram” os bolbos), que podem ter até mais de 1m de comprido e que ou são penduradas nos locais próprios ou assim comercializadas no mercado local, ou até, como antigamente, na venda ambulante.
As cultivares de cebola mais importantes na Madeira são as “Peão”, “Branca”, “Bujanico”, “Vermelha”, “Roxa” e “Do tarde”
De referir que a Cebola da Madeira já é uma Denominação de Origem (DO) no território nacional e que o respetivo processo está em sede de apreciação dos serviços especializados da Comissão Europeia para obter o registo como Denominação de Origem Protegida (DOP) – PDO-PT-02800, o mais elevado patamar de reconhecimento de qualidade superior de que podem beneficiar os produtos agrícolas e agroalimentares europeus.
Artigo publicado originalmente em DICAs.