Sanções levam economia russa a tremer e poderão ainda ser mais pesadas à medida que a guerra continua. Analistas contactados pelo i acenam com queda do PIB na ordem dos 10% e com milhares de postos de trabalho perdidos. Estrangulamento ainda não é maior devido à dependência da União Europeia.
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“Tudo dependerá do preço do petróleo e do gás nos próximos meses e anos, sendo certo que o desvio de petróleo russo da Europa para a Ásia não é exequível no curto-médio prazo por falta de soluções de transporte”, afirma Mário Martins, membro do conselho de administração da ActivTrades, lembrando que “seriam precisos mais de 80 petroleiros de grande capacidade, que não existem, para manter um fluxo constante de parte da produção russa para a China ou para Índia, por exemplo”.
O responsável diz ainda que as expectativas não são animadoras, uma vez que as perspetivas apontam uma contração de aproximadamente 10% em 2022 com a inflação a subir até aos 20% este ano. […]
Uma opinião partilhada por Paulo Rosa, economista sénior do Banco Carregosa, ao garantir que as medidas terão um impacto significativo na economia da Rússia. “O Banco Mundial prevê que, com base nas sanções anunciadas em março de 2022, o PIB da Rússia contraia 11% este ano e que o investimento cairá 17%, já a inflação subirá para 22% e as exportações e importações cairão 31% e 35%, respetivamente”, referindo que “além desse impacto na economia deve haver um efeito no esforço de guerra da Rússia, até porque uma grande parte das importações russas é relativamente intensiva em tecnologia”. E acrescenta: “À medida que as sanções à Rússia se agravam, as projeções dos principais organismos internacionais deverão ser gradualmente revistas em baixa”.
O economista não hesita em acenar com novas sanções por parte da União Europeia “se a escalada da guerra se agudizar”. Ainda assim, chama a atenção para o facto de a economia europeia estar dependente das importações russas. “A capacidade da Europa em diversificar as suas importações levará tempo e não é fácil substituir as importações da Rússia, nomeadamente de petróleo, gás, cereais e fertilizantes”, salienta ao nosso jornal.
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E acrescenta: “No início de março, quase duas semanas após a invasão da Ucrânia, o rublo perdia cerca de metade do seu valor. Mas, entretanto, a moeda russa já recuperou quase os níveis anteriores ao dia 24 de fevereiro, momento da invasão”, anotando que a Rússia tem conseguido, em parte, “contornar algumas sanções ocidentais com um acréscimo de exportações para países mais alinhados com o regime russo ou que aproveitam os preços mais baratos das matérias-primas e dos produtos agrícolas russos”. […]