A cotação do Brent está ao valor mais alto desde 2014 e preço dos combustíveis deverá subir a partir de segunda-feira. Alimentos, energia e transportes serão também impactados
O petróleo ultrapassou ontem a barreira dos 100 dólares, pela primeira vez em oito anos, em reação à invasão da Ucrânia pela Rússia. Uma escalada que terá efeitos práticos sobre o preço dos combustíveis já na próxima semana em Portugal. Sabendo-se que os momentos de guerra “tendem a ser períodos inflacionistas”, os analistas antecipam que a situação se agrave e “dificulte a recuperação económica que estava em curso”. A grande incógnita é quanto tempo durará o conflito, sendo certo que quanto mais se prolongar, mais graves serão as consequências para empresas e famílias.
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Produtos agrícolas
Nem só a energia se ressentiu com a invasão russa. Os produtos agrícolas também valorizaram significativamente e Paulo Rosa lembra que a Rússia é o maior produtor mundial de trigo e a Ucrânia está no top5. O que faz com que, em conjunto, os dois países sejam responsáveis por 29% das exportações globais de trigo, 19% do fornecimento mundial de milho e 80% das exportações mundiais de óleo de girassol. Não admira, por isso, que o trigo valorizasse ontem quase 6% para máximos desde julho de 2012 enquanto o milho cotado na bolsa de derivados de Chicago subiu 4%.
Paulo Rosa alerta para os efeitos que tudo isto pode ter em Portugal: “A agricultura e a agropecuária já estão a ser penalizadas pela gradual escassez de água e, forçosamente, a produção será afetada, impulsionando o preço dos cereais e da carne. Somando à seca a atual crise na Ucrânia, os preços dos cereais podem ser ainda mais impactados e concorrem para uma subida dos preços da alimentação no índice de preços no consumidor (IPC), desde carne, vegetais, cereais, frutas e demais produtos agrícolas”.
O analista do Banco Carregosa alerta ainda para a possível escassez de fertilizantes ou o risco de dificuldades […]