Em Valpaços prevê-se uma quebra na colheita de azeitona de 15% a 20% e a produção de “bom azeite” num concelho onde se aposta cada vez mais na mecanização devido à falta de mão de obra.
“A campanha este ano é menor em quantidade de azeitona, mas a azeitona é de muito melhor qualidade. Está sã, não tem doenças e, sendo boa azeitona, dá bom azeite”, afirmou hoje à agência Lusa Paulo Ribeiro, presidente da Cooperativa dos Olivicultores de Valpaços, no distrito de Vila Real.
A cooperativa abriu as portas no final de outubro e já há “bastante azeite” e com “uma acidez muito baixa e boa”.
O responsável perspetiva uma quebra na produção a rondar os 15% a 20%.
“Há aldeias que têm muita azeitona e outras que têm menos, mas nós calculamos entre a 15% a 20% menos por causa das condições meteorológicas”, referiu.
Houve muita chuva e frio aquando da floração da oliveira, em maio, que afetaram o desenvolvimento da flor, e, depois, seguiu-se um verão muito quente e seco.
“Acho que é um ano bom, porque o que interessa não é ter quantidade, o que interessa é ter qualidade e este ano temos azeite ainda muito melhor do que no ano passado, em que a acidez era um bocadinho alta”, afirmou.
“Quanto a preços [azeite] ainda é cedo para falar, mas a perspetiva é que o preço continue o mesmo. Não há perspetivas para subir como subiu há dois anos”, afirmou.
Paulo Ribeiro aponta para uma produção a rondar os “10 a 11 milhões de quilos de azeitona”. Em 2024, a cooperativa recebeu “14 milhões de quilos” de azeitona.
A apanha está a fazer-se a “um bom ritmo”, pelo que, segundo Paulo Ribeiro, pode estar concluída em meados de dezembro.
No sábado foi batido o recorde de entrada de azeitona num só dia, com 342 veículos descarregados naquela cooperativa, num total de 636.698 quilos.
Num território envelhecido e com pouca mão de obra, a aposta de muitos agricultores passa pela mecanização da apanha da azeitona. Uns usam a vara mecânica e outros os tratores com toldo mecânico.
“O que se apanha agora com duas pessoas eram precisas 15 ou 20 pessoas”, apontou Paulo Ribeiro.
Em Valverde, Carlos France tem cerca de 2.000 oliveiras onde prevê colher cerca de 19.000 a 20.000 quilos de azeitona, mais do que os 15.000 quilos apanhados no ano passado.
“Se não vem esta água ficávamos sem azeitona nenhuma, já estava a ficar seca”, salientou, referindo-se à chuva que começou a cair em outubro e que “inchou a azeitona”.
Esta foi, por isso, “uma chuva abençoada”.
No seu olival usa varas mecânicas e lonas e a apanha faz-se com seis pessoas, todas familiares e com mais de 65 anos.
A mão de obra familiar é, contou Carlos France, “o que se arranja”.
No ano passado, a azeitona foi-lhe paga a 60 cêntimos o quilo e, nesta campanha, disse que “ainda não sabe” o valor.
Já Joaquim Marques prevê uma quebra acentuada na colheita em Possacos, onde tem 612 oliveiras. “Para mim está muito má, tenho pouquíssima produção. O ano passado foi bom, de modo que este é ano não e depois o tempo também não ajudou”, afirmou, antecipando uma quebra na ordem “dos 70%”.
A sua apanha faz-se com o trator grande com toldo e mais um ajudante.
Alfredo Borges, de Frazidela (Mirandela), disse que tem mais azeitona do que no ano passado e que a qualidade também é boa. No ano passado colheu 10 mil quilos e este ano espera aumentar para os “13 ou 14 mil quilos”. “Não há doenças, está boa a azeitona”, realçou.
Ernesto Crasto tem o olival em Valverde com cerca de 500 oliveiras e disse que a sua produção “está boa”, um “bocadinho melhor do que no ano passado”.
“O rendimento da azeitona ainda não sei, mas mais tenho”, referiu, explicando que a apanha se faz com a “máquina de costas” (vara mecânica) e que é “cada vez mais difícil” arranjar quem faça a apanha.
A cooperativa tem 1.800 associados dos concelhos de Valpaços e de Mirandela (distrito de Bragança) e incentiva os seus agricultores a uma apanha mais cedo, o que, para Paulo Ribeiro, “faz com que o azeite seja muito melhor porque a azeitona não perde qualidade”.
“E isso é que faz ganhar prémios, faz vender azeite. Nós exportamos para todo o mundo”, salientou.
Quanto ao pagamento aos associados, Paulo Ribeiro disse que, também como produtor, gostava de “receber mais”. “Mas, dentro do mercado pagamos bem”, garantiu.













































