As autoridades moçambicanas estimaram hoje que 7.600 toneladas de castanha de caju, cultura de referência, foram contrabandeadas de Cabo Delgado para a Tanzânia na campanha 2024/2025, provocando prejuízos de 1,5 milhões de euros ao Estado.
“A questão-chave aqui é que normalmente esta castanha não é tributada”, apontou António Jone, delegado provincial do Instituto de Amêndoas de Moçambique (IAM) em Cabo Delgado, em declarações aos jornalistas.
O Estado, adiantou, perde cerca de 1.200 meticais (16 euros) por cada 80 quilos de castanha de caju, o equivalente a um saco, estimando desta forma o prejuízo, fiscal, de 114 milhões de meticais (1,5 milhões de euros) na última campanha, em Cabo Delgado.
“Esse de facto é o prejuízo”, acrescentou Jone.
Já o secretário de Estado de Cabo Delgado, Fernando Bemane de Sousa, admitiu que o contrabando é facilitado pela porosidade da fronteira com a Tanzânia, mas apelou à colaboração da população no combate à prática: “Nós temos uma fronteira muito aberta e as pessoas de facto saem”.
“É preciso este combate ser de cada um de nós, denunciar as pessoas que fogem. É proibido por lei alguém sair de um país para outro sem nenhum documento que comprova”, alertou o governante.
Moçambique prevê investir 374 milhões de dólares (322 milhões de euros) para desenvolver o setor do caju e elevar a produção anual das atuais 158 mil toneladas anuais para 689 mil até 2034, anunciou o Governo em 24 de outubro último.
A exportação de castanha de caju por Moçambique continua a crescer, atingindo 38,7 milhões de dólares (33 milhões de euros) no primeiro trimestre, liderando nas vendas ao exterior entre os designados “produtos tradicionais”, segundo dados do Banco de Moçambique.
De acordo com a informação do Ministério da Agricultura, a produção de castanha de caju em Moçambique atingiu há 50 anos, ainda no período colonial, mais de 200 mil toneladas anuais e, até meados da década de 1970, Moçambique era o segundo maior produtor mundial de caju (210 mil toneladas processadas em 1973), atrás apenas da Índia, que comprava na altura, e ainda hoje, grande parte dessa produção.
Após a independência de Moçambique, em 25 de junho de 1975, a produção caiu para menos de 10%, para cerca de 15 a 20 mil toneladas anuais, mas tem vindo anualmente a crescer e na última campanha de 2024/2025 destacou-se entre os maiores produtores, mantendo-se no sétimo lugar.















































