O presidente reeleito da Câmara de Mortágua, Ricardo Pardal, alertou hoje o ministro das Infraestruturas e da Habitação, Miguel Pinto Luz, para a necessidade de requalificar a Barragem do Lapão, que quase ruiu em 2003.
O autarca aproveitou a ida de Pinto Luz à Barragem da Aguieira, no âmbito da viagem que o governante está a fazer pela Estrada Nacional (EN) 2, para lhe lembrar que “há 20 anos que se arrasta este processo”.
A Barragem do Lapão – uma estrutura feita de aterros que ficou concluída em 2001 – foi encerrada depois de ter ameaçado ruir em janeiro de 2003, na sequência de fortes chuvadas.
Ricardo Pardal disse aos jornalistas que esta barragem tem um papel fundamental para o sistema de regadio do concelho de Mortágua, no distrito de Viseu.
“A barragem está executada há 20 anos e o sistema de regadio ainda não existe”, lamentou o autarca, fazendo votos para que estes problemas fiquem resolvidos durante o mandato que agora vai iniciar.
De acordo com Ricardo Pardal, “basicamente o que foi feito foi a abertura da descarga de fundo” e, deste 2003 até agora, “rigorosamente mais nada”.
“Tivemos ainda esta semana uma reunião com a CCDRC [Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centr]) e a Agricultura no sentido de o município proceder a um apoio na desmatação e no controlo das espécies invasoras, nomeadamente as acácias e os salgueiros, para evitar que haja ali um problema maior”, contou.
A autarquia espera que se concretize “o lançamento do procedimento para a elaboração do projeto de requalificação da barragem, uma vez que o concurso aberto na altura do último Governo do Partido Socialista ficou deserto”.
Ricardo Pardal explicou que se tratava de “um concurso de conceção, construção”, mas agora “o que se pretende fazer é o projeto de raiz e depois lançar concurso para a sua execução”.
A Barragem do Lapão teve um comportamento anómalo durante o seu primeiro enchimento, iniciado em meados de dezembro de 2001. A primeira anomalia foi detetada em 2002 por um técnico que encontrou uma fissura no coroamento (zona de alcatrão situada na parte superior da estrutura).
Posteriormente, foram verificados outros indícios de que algo não estava bem e foi então decidido esvaziar a barragem até à cota 200, tendo o plano de observação à estrutura sido intensificado.
A 02 de janeiro de 2003 a situação agravou-se devido às fortes chuvadas que fizeram subir o nível da água, que chegou a estar sete centímetros acima do descarregador. Para evitar o colapso da barragem, foi demolido o muro de betão do labirinto do descarregador, o que permitiu baixar o nível da água.
Abatimentos e deslocações dos aterros, o tipo de vale em que a barragem está implantada, o material utilizado, camadas de aterros descompactadas e o tempo de construção foram algumas das questões levantadas pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC).