O presidente da Câmara de Terras de Bouro, distrito de Braga, disse hoje que arderam mais de 1.800 hectares no concelho, acrescentando que na próxima semana inicia-se uma avaliação técnica para estabilização de encostas e linhas de água.
Manuel Tibo (PSD) falava aos jornalistas na localidade do Campo do Gerês, após a visita dos ministros da Economia e da Coesão Territorial, Castro Almeida, e da Agricultura e Pescas, José Manuel Fernandes, a vários zonas do Parque Nacional da Peneda-Gerês (PNPG), atingidas pelo incêndio que deflagrou a 26 de julho, em Ponte da Barca, distrito de Viana do Castelo, e que se alastrou ao concelho vizinho de Terras de Bouro, tendo sido dominado a 03 de agosto.
“Na próxima semana vai haver aqui um grupo de trabalho associado também com o ICNF [Instituto de Conservação da Natureza e Florestas], para que se possam criar as condições de avaliação técnica, porque isto precisa da avaliação técnica para poder estabilizar as linhas de água, as terras, a segurança das populações e das habitações”, explicou o autarca à agência Lusa e à RTP.
Manuel Tibo pediu celeridade e efetividade na resolução desta situação, mostrando-se confiante que “as entidades e a administração central” estejam presentes no território e, dessa forma, “ir ao encontro da resolução destes problemas”.
“Só o facto de os ministros estarem no território [PNPG] é já um sinal de proximidade para poderem ajudar as populações e os municípios, e eu confio no Governo de Portugal”, afirmou o presidente do município.
Em declarações feitas anteriormente durante a visita ao concelho de Ponte da Barca, antes de rumar a Terras de Bouro, o ministro da Agricultura e Pescas afirmou que a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e o ICNF vão “avançar já” com uma “estabilização de emergência” do território queimado na Peneda-Gerês, para evitar derrocadas e contaminação da água.
“É urgentíssimo porque, vindo as chuvas, podemos ter derrocadas e a contaminação da água. Com as chuvas, as linhas de água são atingidas e teremos problemas na captação”, alertou José Manuel Fernandes.
Quanto a Terras de Bouro, só neste concelho, “arderam mais de 1.800 hectares”, segundo o autarca local, lembrando o “trabalho de proteção civil enorme” que permitiu travar o incêndio e “preservar as populações”.
“Que era a nossa principal função. E, depois, também proteger a área da Parque Nacional [da Peneda-Gerês]. Ardeu, efetivamente. [Mas] Não ardeu aquele património, a reserva mundial, a Mata da Albergaria, porque houve um trabalho de toda a proteção civil”, frisou Manuel Tibo.
Apesar deste trabalho, o presidente de Terras de Bouro defende que “é preciso criar mecanismos na Câmara Municipal e na Proteção Civil”, visando “agilizar alguns procedimentos” para se e quando isto voltar a acontecer “não existirem tantas restrições e condicionamentos”.
O ICNF revelou na segunda-feira à Lusa que as chamas consumiram 5.786 hectares do PNPG, de acordo com dados provisórios.
O PNPG foi criado em 1971, é gerido pelo ICNF e ocupa uma área de 69.596 hectares e abrange os distritos de Braga (concelho de Terras de Bouro), de Viana do Castelo (concelhos de Melgaço, Arcos de Valdevez e Ponte da Barca) e de Vila Real (concelho de Montalegre).