Um projeto de empoderamento económico vai permitir a 500 mil famílias na zona tampão do Parque Nacional de Magoe, província moçambicana de Tete, produzir 100 toneladas de mel, afastando elefantes das zonas de cultivo, foi hoje anunciado.
De acordo com fonte da Administração Nacional das Áreas de Conservação (ANAC), o projeto resulta de uma parceria com a Agência do Zambeze e do Governo moçambicano, visando assegurar que a conservação da biodiversidade “concorra cada vez para desenvolvimento das comunidades através de promoção de iniciativas de meio de subsistência”.
Com um orçamento reduzido, de cerca de 20 milhões de meticais (265 mil euros) para aquisição das 4.000 colmeias, formação das comunidades locais e instalação de unidade de processamento do mel, estima-se uma produção de 100 toneladas por ano naquela área envolvente ao parque de Magoe, banhado pela albufeira da barragem de Cahora Bassa, uma das maiores de África, no centro de Moçambique.
Segundo a ANAC, o projeto agora lançado vai contribuir para mitigar o conflito homem/fauna bravia local, reduzindo a pressão sobre recursos naturais e pesqueiros, contribuindo para a melhoria de vida das comunidades da zona tampão.
Recorda que as abelhas “são temidas por elefantes”, com estudos a mostrarem que estes animais, responsáveis pela destruição das machambas (campos agrícolas) das comunidades locais durante a procura por comida, “evitam áreas com colmeias”, receando as picadas.
“A instalação de colmeias penduradas em cercas ao redor das machambas cria uma barreira natural. Se um elefante tocar a cerca, as abelhas são perturbadas e o animal afasta-se e reduz a destruição de culturas, que é uma das principais causas de conflito entre humanos e elefantes”, aponta ainda.
Além disso, refere a ANAC, a apicultura gera mel e outros produtos com valor de mercado: “Ao fornecer rendimentos sustentáveis, reduz a dependência direta de recursos do parque, como caça, lenha ou cultivo em áreas protegidas. Com oportunidades económicas sustentáveis, há menor incentivo para a caça ilegal de animais selvagens”.
Situado nos distritos de Magoe e Cahora-Bassa, ao longo da Albufeira de Cahora-Bassa, o Parque Nacional de Magoe possui uma área total de aproximadamente 3.558 quilómetros quadrados, numa zona de planalto onde se destaca a presença de elefantes, búfalos, macacos, crocodilos e hipopótamos, que abundam, e ao longo do rio Zambeze.