O Regenerative Wine Fest está de volta para dar a conhecer as boas práticas e benefícios da agricultura regenerativa na produção de vinho. No dia 31 de maio, as portas da Herdade das Servas abrem-se para pensar e promover esta nova abordagem que devolve a vida ao solo, valoriza os ecossistemas e posiciona a viticultura como aliada da saúde pública e do clima.
Na sua segunda edição, o Regenerative Wine Fest surge com o objetivo de desmistificar as práticas de viticultura regenerativa e o seu impacto na produção de vinhos, num diálogo aberto, entre produtores, especialistas e consumidor final. O evento acontece no dia 31 de maio, na Herdade das Servas, no Alentejo, com uma programação reforçada, onde, além das conversas temáticas, haverá espaço para visitas de campo, prova de produtos de origem regenerativa e concerto. Após o evento haverá um jantar vínico, elaborado com produtos de origem regenerativa.
A iniciativa surge pela mão da Herdade das Servas, que em conjunto com outros produtores, está a liderar a transição para uma viticultura regenerativa. “Começou com um fórum técnico para partilha de boas práticas e dificuldades entre viticultores, mas rapidamente percebemos que este era um caminho que não poderíamos fazer sozinhos e que teria de envolver toda a cadeia de produção, do viticultor ao consumidor, passando pelas redes de distribuição e comunicação, como um verdadeiro ecossistema”, começa por explicar Luís Serrano Mira, proprietário da Herdade das Servas e anfitrião do evento.
Aquilo que começou por ser uma visão partilhada entre 8 produtores, de diferentes regiões vitivinícolas, rapidamente se estendeu para 14 produtores, validados pelos pares, que reconhecem o valor da viticultura regenerativa e o princípio de voltar às raízes da prática agrícola. “Este evento pretende demonstrar que a viticultura regenerativa não é uma tendência, mas um caminho que escolhemos trilhar para salvaguardar o futuro. Perante tanta desinformação e greenwashing, é importante separar o trigo do joio e mostrar o que está a ser feito nesta matéria em Portugal”, acrescenta o responsável.
Esta é a principal força motriz do Regenerative Wine Fest que conta com um programa ainda mais dinâmico, com conversas moderadas pela atriz e voz ativa pelas causas ambientais, Joana Seixas, e a oportunidade de ir para o campo para perceber in loco os efeitos da viticultura regenerativa.
Com início marcado para as 10h00, o evento irá reunir especialistas e produtores para debater temas importantes na transição regenerativa. O primeiro painel irá incidir sobre os canais de distribuição para maior democratização no acesso à produção regenerativa, contando com a participação de Francisco Alves, da Herdade de São Luís, casa mãe da Porcus Natura, Paulo Carvalho, produtor na Vivid Farms, plataforma comunitária que impulsiona a agricultura regenerativa, Marta Cortegano, cofundadora na Associação Terra Sintrópica e Filipa Silva, da Quinta da Costa do Pinhão (Douro).
O primeiro painel da tarde reflete sobre boas práticas na comunicação ao consumidor, com Carlos Cupeto, professor na Universidade de Évora, João Barroso, Diretor de Sustentabilidade, Investigação e Desenvolvimento dos Vinhos do Alentejo, Tiago Sampaio, viticultor e enólogo na Folias de Baco, produtor de vinhos naturais na região do Douro, e Luís Constantino, Viticultor na Herdade dos Grous (Alentejo).
A relação entre a regeneração dos solos e a saúde pública será o tema do terceiro e último painel, composto por Ana Luís, médica no Instituto Português de Oncologia (IPO), Bruno Silva, produtor na Pupa Vinhos (Alentejo), Ana Margarida Carvalho, professora no Instituto Politécnico de Portalegre e Paulo Coutinho, produtor na Paulo Coutinho Wine (Douro).
Ao longo de todo o dia, será possível conversar e provar os vinhos dos produtores associados à iniciativa. Nesta edição, aos produtores Herdade das Servas – Serrano Mira (Alentejo), Adega Mayor (Alentejo), Família Nicolau Wines (Lisboa), Paulo Coutinho (Douro), Quinta da Covela – Lima & Smith (Vinhos Verdes), Reynolds Wine Growers (Alentejo), Tapada de Coelheiros (Alentejo) e Vale dos Ares (Vinhos Verdes), juntam-se os produtores Herdade dos Grous (Alentejo), Folias de Baco (Douro), Monte da Raposinha (Alentejo), ODE Winery (Tejo), Pupa Vinhos (Alentejo) e Quinta da Costa do Pinhão (Douro).
Regenerar será mesmo a palavra de ordem durante todo o evento, incluindo os momentos de prova de vinhos e as experiências gastronómicas ao almoço e jantar, assinadas pelo Chef Emanuel Rodriguez, líder da cozinha do Legacy Winery Restaurant. O dia termina com as atuações dos músicos alentejanos, Duarte Farias, Francisco Pestana e Eduardo Espinho.
A intenção de democratizar a literacia sobre as práticas agrícolas, com foco na viticultura, é partilhada com o público-geral que poderá adquirir os bilhetes para o evento através do site, nas seguintes modalidades: bilhete simples no valor de 30€ por pessoa (inclui copo, prova de vinhos, acesso às conversas e concerto); jantar vínico pelo valor de 55€ por pessoa (sujeito a lugares limitados); Pack que combina bilhete e jantar disponível pelo valor de 75€ por pessoa até 24 de maio.
Produção biológica, biodinâmica ou regenerativa?
Para Luís Mira, produtor da Herdade das Servas, a resposta é simples: “O solo é o berço da vida e para sustentarmos a vida precisamos de um solo que nos ajude nesta missão”. Ao contrário do modo de produção biológico – beneficiado pela força do enquadramento legal europeu – e biodinâmico, a agricultura regenerativa parte do pressuposto de modos de agricultura de regeneração, procurando combater três das maiores preocupações de quem está no campo: a dependência de produtos químicos para sustentar a necessidade de nutrientes das plantas, a diminuição da densidade nutricional dos alimentos e a resistência dos solos às alterações climáticas.
“Portugal é um case-study mundial em viticultura regenerativa. É um trabalho que já está a ser implementado há vários anos e os resultados começam a ser visíveis. Recebemos visitas de pessoas de todo o mundo que querem conhecer e ver de perto a forma como estamos a aplicar as práticas e a adaptá-las a cada região”, admite Renato Neves, Diretor de Viticultura e Enologia da Herdade das Servas e um dos principais rostos por detrás do coletivo.
O Regenerative Wine Fest 2025 conta com o apoio principal do Crédito Agrícola – Alentejo Central e outros parceiros de equipamentos para o setor agrícola e de produtos alimentares regenerativos.
Informação e programa completo do evento: https://www.regenerativewinefest.pt/