A greve de cinco dias na empresa transmontana de cogumelos, que termina hoje, “superou as expectativas” e os trabalhadores pretendem avançar com novas ações para reclamar aumentos salariais, disse fonte sindical.
“Os trabalhadores conseguiram chamar a atenção para as suas reivindicações e para a falta de resposta da empresa”, afirmou à agência Lusa José Eduardo Andrade, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura, Indústria, Alimentação, Bebidas e Tabacos de Portugal (SINTAB).
Depois de uma greve de cinco dias nas três unidades da empresa – Benlhevai (Vila Flor), Vila Real e Paredes, que começou sábado e termina hoje, o sindicalista fez um balanço positivo.
“A adesão à greve superou claramente as expectativas, o que fez com que todos os trabalhadores ficassem com muita mais vontade de continuar aquilo que é a sua justa luta pelas justas reivindicações”, frisou.
Contactada pela Lusa, a Varandas de Sousa disse que o balanço dos dias de greve será feito na quinta-feira, depois de reunidos todos os números.
“Podemos adiantar, desde já, que na terça-feira a adesão foi de 0% nas três unidades”, frisou.
Ainda sobre a greve, José Eduardo Andrade referiu que foi mais expressiva na unidade de Vila Real, apontando para uma “adesão quase total”.
“Os objetivos foram cumpridos até porque, em Benlhevai a adesão à greve superou largamente a expectativa. Nós ali tínhamos um historial de adesão muito baixinho e, desta vez, tivemos quase metade dos trabalhadores em greve”, afirmou.
Trabalhadores e dirigentes do SINTAB alegam que a administração rejeitou negociar o caderno reivindicativo remetido em dezembro e, por isso, reunidos em plenário, decidiram avançar para a greve de cinco dias.
As reivindicações passam por um aumento salarial na ordem dos 150 euros, diuturnidades que valorizem a senioridade, 35 horas semanais, 25 dias de férias, a folga em dia de aniversário e mais segurança no trabalho.
Segundo José Eduardo Andrade, os trabalhadores “não vão baixar os braços” e, entre as formas de luta, pode estar uma nova greve.
“As formas de luta possíveis são várias, o sindicato tem ainda uma série de questões para chamar a Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) a intervir, nomeadamente por questões ao nível da segurança, dos horários de trabalho ou dos vínculos dos contratos. Vamos atacar em toda a linha”, salientou.
O responsável disse ainda que trabalhadores “com contrato a prazo, sobretudo estrangeiros, foram chamados individualmente pelas chefias que lhes quiseram dar alguns conselhos sobre a greve”, o que o SINTAB considerou ser “uma forma de coação” e “um atropelo à lei”.
Na resposta à Lusa, a empresa garantiu que “o direito à greve é obviamente intocável e foi respeitado pela Varandas de Sousa em todos os momentos e circunstâncias”.
“No sábado foi, inclusivamente, feita uma comunicação interna (inequívoca) nesse sentido aos trabalhadores, sempre no respeito integral da lei. A ACT verificou este procedimento da Varandas de Sousa destinado a combater rumores e falsidades. A instrumentalização da empresa para fins político-partidários é inadmissível e deve ser rejeitada por todos”, salientou.
A empresa ex-Sousacamp, que se mantém como líder do mercado ibérico de produção e comércio de cogumelos frescos, detendo a quase totalidade do mercado nacional, passou por um processo de insolvência e de mudança de administração.