Decorreu na semana passada em Gondomar mais uma edição do Dia do Conhecimento da SAMSYS. Entre muitos oradores excecionais destaco o testemunho da atriz Vera Kolodzig.
A determinado momento da sua intervenção abordou a da importância da curiosidade e “do não julgamento”. Partilhou com os presentes uma das suas experiências: tinha sido desafiada para a personagem “Zé” da novela “Espírito indomável” e esta personagem era completamente diferente de si, até porque não comia carne há muitos anos. “Zé” trabalhava numa fazenda, interagia com os bois e vacas e montava a cavalo. Consciente que ser atriz implica conhecer a realidade da personagem Vera Kolodzig foi investigar e fazer pesquisa. Passeou pelo Alentejo, conheceu uma veterinária de animais de grande porte e conheceu um criador de gado.
“Este criador de gado, este criador do touro de morte dava a melhor vida possível a este touro, ele tinha um amor gigante a estes animais, mesmo que para mim não fosse compreensível como é que se pode ter um amor tão grande a um animal que sabe que está a ser criado para depois sofrer num espetáculo para ele era a morte mais digna que este animal poderia ter e eu comecei a entender esta emoção por trás, ele tinha uma enorme amor aquilo, ele tinha um enorme amor ao espetáculo“…
Esta experiência não fez com que Vera Kolodzig voltasse a comer carne, mas permitiu-lhe ter uma perceção e um entendimento diferente da realidade. Ouvir este testemunho reforçou aquilo que defendo há muitos anos, é preciso COMUNICAR, COMUNICAR, COMUNICAR e COMUNICAR. É preciso de facto colocar-nos no lugar do outro (algo tão incomum na nossa sociedade) para percebermos a sua realidade e o seu “mapa mundo”.
Esta partilha lança-nos de imediato um desafio.
– Como vamos aproximar-nos da população?
– Qual a melhor estratégica de comunicação?
– Que apoio estratégico (nem me referido a financeiro) temos do ministério da agricultura nesta importante missão de comunicar?
Estão à porta as férias de verão e ocupar os jovens pode revelar-se um desafio. Não estará na altura de se criar um programa de estágios de verão e acolher os jovens nas estufas, campos e vacarias?
Os estágios proporcionam o ambiente perfeito para desenvolver nas jovens competências importantes e úteis para o futuro. Este tipo de desafios permitem desenvolver o saber: saber-saber, saber-fazer e saber-ser/saber-estar, promovem competências de comunicação, de trabalho em equipa e contribuem para uma melhor gestão de tempo. Todas estas competências são fundamentais para o futuro, não só na formação profissional, mas na formação pessoal, porque antes de sermos bons profissionais teremos que ser boas pessoas e o campo é e será sempre uma excelente escola e os agricultores são e serão sempre excelentes professores.
PS: Partilho o link da comunicação da atriz Vera Kolodzig e convido todos a o ouvirem na integra de forma a perceber o contexto do excerto transcrito acima.
Vice–Presidente da APROLEP
A grande distribuição e a grande desvalorização da agricultura – Marisa Costa