Entre 27 de Fevereiro e 1 de Março, o Auditório do ITQB NOVA, em Oeiras, acolhe a terceira conferência anual iPlanta, que visa desenvolver o uso de RAN de interferência (uma das novas técnicas de reprodução), seja por modificação genética seja por aplicação externa.
Depois Itália e Polónia, onde se realizaram, respectivamente, a primeira e segunda edição, este ano será Portugal a receber um dos mais importantes debates internacionais sobre a necessidade de usar a biotecnologia para o desenvolvimento de novas formas de proteger as culturas agrícolas de doenças e pestes.
Promovida pelo CiB – Centro de Informação de Biotecnologia e pelo Laboratório de Biotecnologia de Células Vegetais, da Unidade de Investigação Green-it,
a terceira Conferência anual iPlanta contará com a presença e a intervenção de vários investigadores de diferentes países, que falarão sobre o desenvolvimento de novas metodologias através da utilização do RNA de interferência, um processo biológico no qual as moléculas de RNA inibem a expressão de um gene, neutralizando as moléculas específicas do RNA mensageiro (ácido ribonucleico responsável pela transferência de informações do ADN).
Para além de uma mesa redonda (no segundo dia) com stakeholders para discutir as aplicações desta tecnologia para a protecção de plantas, haverá ainda lugar para a divulgação de novidades sobre a estabilidade do RNA, nomeadamente no silenciamento genético induzido por pulverização (SIGS) e do silenciamento genético induzido por hospedeiro (HIGS).
A importância deste encontro reside na necessidade urgente de encontrar soluções mais eficazes, através da aplicação de RNAi, uma das novas técnicas de reprodução, no combate às interações patogénicas enfrentadas pelas culturas, responsáveis pela perda de quantidades substanciais da produção agrícola mundial, incluindo em Portugal, onde todos os anos se perdem cerca de 40 % de culturas.
Em termos globais, os números são semelhantes. Segundo estimativas da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), entre 20% a 40% das culturas são destruídas todos os anos devido a pragas e doenças.
Com o estimado aumento populacional, a agricultura moderna enfrenta um dos seus maiores desafios: garantir o abastecimento de alimentos para 10 mil milhões de pessoas daqui a apenas 30 anos.
Mas poderá a produção de alimentos aumentar sem o recurso a metodologias como, por exemplo, o RNAi?
Para o investigador Pedro Fevereiro, presidente do CiB-Centro de Informação de Biotecnologia, professor auxiliar do Departamento de Biologia Vegetal na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e chefe do Laboratório do Grupo de Biotecnologia Vegetal no ITQB NOVA, a realização da III Conferência iPlanta em Portugal «é uma oportunidade para debater e divulgar os aspectos científicos e técnicos desta tecnologia, de forma a se efectivar a sua utilização na protecção das culturas agrícolas contra pragas e doenças.»